“Bom dia, Dr. Douglas! Tenho 38 anos e estou casado há um ano e meio com uma mulher mais velha, que tem 45 anos, e duas filhas de outros relacionamentos. Eu tenho dois filhos do meu primeiro casamento e apenas um mora comigo. Nos casamos há cerca de um ano, mas, já morávamos juntos há quase dois, antes do casamento. Contudo, por problemas com a filha mais velha dela, que é homossexual, acabei saindo de casa. Tentamos conversar para retornarmos, mas ela não aceitava que eu interferisse na vida das filhas, nem opinasse em nada nos assuntos da casa, e que, se eu quisesse, seria desse jeito ou então não teria nada. Ela não tem pulso com as filhas e faz o que elas querem. Chegam ao ponto de ditar o que a mãe fará e com quem irá conviver. Não aceitam que se tenha opinião diferente das delas. De certa forma me sentia hostilizado dentro de casa. Parece que era útil somente para dividir as despesas ou fazer tarefas. Ela também não se importa comigo. Mesmo morando juntos, só quer me ver quando tem tempo sobrando, que, no caso, é quando as filhas saem e ninguém a convida para ir a alguma festa. Geralmente, nestes eventos, bebe muito e me dá trabalho para cuidar dela depois. Não sinto que sou prioridade e, nos últimos meses, tem me tratado com certo desprezo em alguns eventos. Até o sexo, que era muito bom, ficou escasso; todas as vezes em que conversamos, ela tem argumentos frágeis e diz que está muito preocupada com as filhas e sem tempo para as coisas. Agora, com a vinda do meu filho, que veio morar comigo, sinto que ela não quer que voltemos a morar juntos, pois sempre evita este assunto. Gosto dela, mas não sei se devo persistir. Fizemos um acordo para nos vermos duas ou três vezes por semana. Espero que ela melhore. Mas e se isso não ocorrer? O que fazer”?
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Resposta:
Querido leitor, é impressionante o número de relatos como o seu, que me são enviados. Não me refiro exatamente à descrição do caso em si, mas, sim, no tocante à essência da história. Recebo mensagens em que, desde a primeira palavra, até a última, não consigo encontrar nada de positivo dentro do relacionamento. Vamos começar falando da postura dela em relação às filhas e coisas da casa. Posso até entender que ela não queira que você interfira na educação delas. Até aí, tudo bem. Mas, você sequer pode opinar? Isso me parece um tanto quanto radical. Quer dizer também que é proibido de falar qualquer coisa que seja ligada a assuntos domésticos? Parece-me que, pra ela, o ideal seria que você fosse mudo. Dessa forma, não a incomodaria em nada. E, pra piorar, ela apresenta um posicionamento taxativo: vai ser do meu jeito, ou então, não vai ser de jeito nenhum.
Ufa! Que coisa difícil! A próxima parte da história, refere-se ao comportamento das filhas e à relação entre elas e a mãe. A coisa ficou tão grave, que você teve de sair de casa devido à inviabilidade da convivência entre você e uma delas. A mãe, omissa, não fez nenhum tipo de intervenção e acabou assim, endossando a fala da filha. Aliás, pelo que falou, sua mulher é uma verdadeira marionete nas mãos delas, aceitando tudo que lhe é imposto, inclusive, com quem conviver e se relacionar. Honestamente, assim fica muito difícil; você não acha? Sentindo-se hostilizado dentro de casa, proibido de falar o que pensa, sendo útil, tão somente, para contribuir com as despesas do lar e fazer as tarefas do dia a dia. Viver nessas condições chega a ser humilhante, na minha humilde opinião.
Ainda neste cenário – que mais me parece um filme de terror – vem a sensação de não ser tratado como prioridade e que sua companhia é interessante, apenas quando ela não está com as filhas. Aliás, pelo contrário. É tratado com desprezo e, sua presença é valiosa quando ela está bêbada nas festas, caindo pelas tabelas. Aí sim, você é útil. Por fim, a vida sexual, que antes era boa, também entrou em declínio. As justificativas para a ausência de sexo, mais uma vez estão relacionadas às filhas, o que, ao que tudo indica, não passam de argumentos furados. Por fim, a vinda do seu filho, representou mais um entrave para que vocês viessem a morar juntos. Ela, inclusive, evita falar sobre o assunto.
Dicas pra você: não me canso de dizer que o amor é importante em um relacionamento, mas, nem de longe é o suficiente para sustentá-lo. Existe uma série de coisas que considero tão importantes quanto este nobre sentimento. Entre elas, estão o respeito, o companheirismo, a admiração, as afinidades, a confiança e a valorização, entre várias outras. Eu te pergunto, querido leitor: onde estão estas outras coisas no seu relacionamento? Você diz que gosta dela, mas, e daí? Você acha que manter esta situação vale a pena? Uma relação na qual você é desdenhado durante todo o tempo, a não ser quando seus préstimos e dinheiro se fazem necessários? Uma vida a dois, na qual você tem de permanecer calado e se dar por satisfeito? Um casamento no qual sua mulher não se impõe perante as filhas e que te deixa literalmente na berlinda? Essas são as perguntas que você tem de responder. Desculpe minha sinceridade mas, a solução que vocês deram – a de se encontrarem duas ou três vezes por semana – é muito pobre, ao meu ver. É preciso muito mais do que isso para que uma vida a dois possa ser feliz, equilibrada e saudável. Não vejo um horizonte próspero pra vocês, caso não exista uma mudança profunda de postura por parte dela. Respeite-se, querido leitor. Respeite-se. Boa sorte.
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
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Instagram:@douglasamorimpsicologo
Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
Não. Pula fora
Apoio totalmente o dr. Douglas. Você está se desrespeitando e aceitando a subvalorização que lhe é imposta pela sua esposa. Não permita isso. Acho que as tentativas de fazer o relacionamento dar certo devem ser feitas e você deve alertar a sua esposa para essas posturas que vêm minando o casamento. Mas se, mesmo assim, as coisas não mudarem, acho que é hora de continuar a sua vida, meu caro. Um abraço.
Mulher não deve mandar em homem, dá nisso. Não aceita isso não cara, você é jovem, ela é velha. Arruma outra.