“Prezado Dr. Douglas, o senhor não acha que, se inserirmos em nossa cultura, a possibilidade de alguém poder se relacionar com duas ou até três pessoas, sem remorso, e até mesmo, sem restrições judiciais, muitos desses problemas de relacionamento não ocorreriam? Obrigado e aguardo sua resposta”.
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Resposta:
Querido leitor, a sexualidade humana é bastante complexa e é influenciada fortemente por fatores de ordem cultural, geográfica e temporal, entre outros. Se você observar como eram as relações afetivo-sexuais na Grécia e Roma antigas, irá perceber, certamente, que elas eram bastante diferentes das relações no Brasil do século XX, por exemplo. Do mesmo modo que a sociedade é dinâmica, a maneira com a qual as pessoas lidam com suas relações afetivas também muda. Isso não quer dizer que eu defenda o jeito A ou B de se relacionar, inclusive porque, isso é algo muito íntimo e varia de indivíduo para indivíduo.
Hoje em dia, se observarmos a forma como principalmente os jovens, lidam com a homossexualidade ou bissexualidade, iremos constatar que é muito diferente da maneira como nós, adultos com mais de quarenta anos, lidávamos, quando tínhamos a idade deles. Os jovens têm relações sexuais cada vez mais cedo – e isso me preocupa porque, muitas vezes, não se tem o mínimo de maturidade para o ato sexual – ao passo que, num passado não muito distante, a mulher tinha de se casar virgem. Ainda com relação à diferença entre as culturas, em alguns países do oriente médio, é comum o homem ter várias esposas, ao passo que, isso não ocorre no ocidente. Portanto, o terreno da sexualidade humana é multifacetado. Não há como se negar isso.
Sua pergunta me fez pensar num movimento que começou na Europa e que hoje se faz presente em todos os continentes. O nome dele é Poliamorismo. De acordo com essa concepção, uma pessoa pode ter dois ou mais parceiros, de acordo com seu desejo. Pode-se relacionar em trio ou quarteto por exemplo, com todos se amando e sendo namorados/casados entre si. Claro que esse tipo de coisa nos causa impacto porque, afinal de contas, nossa cultura é monogâmica, ao meu ver, fortemente influenciada pelo Cristianismo. Voltemos aos poliamoritas. O entendimento dos praticantes é que, da mesma forma que você tem muitos amigos e gosta de todos, é possível você ter vários amores. Em síntese, é possível amar e se relacionar com mais de uma pessoa, sem que isso se configure como traição ou falta de respeito.
Insisto que essa concepção é muito impactante pra nós. Entretanto, ela está mais perto, do que imaginamos. Basta dar uma voltinha na região da praça da Savassi, em Belo Horizonte. Não raro, é possível ver trios de jovens. Numa hora, dois jovens com uma garota. Noutra, duas jovens com um garoto. Os três se beijam e se portam como um casal. Porém, formam um trio. Se isso veio pra ficar eu não sei responder. Sei que a sexualidade humana é muito vasta e vem se manifestando de formas diferentes ao longo dos tempos. Quanto ao fato dos problemas de relacionamento acabarem, eu acho impossível. Neste cenário hipotético de aceitação global da sociedade em relação ao poliamorismo, possivelmente, os problemas tais quais os conhecemos, iriam acabar. Contudo, novas questões surgiriam a partir desse novo jeito de se relacionar. Essa é a minha opinião.
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
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Concordo com a ideia.Penso que o poliamorismo pode melhorar a sociedade.