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“Dr. Douglas, aposentei-me há dois anos, deixei meu emprego, mas, o valor do benefício é menor do que era meu salário. Tenho 55 anos e vivo com meus filhos. A mais velha tem 21 anos, é universitária e a segunda mais velha tem 19 e tem necessidades especiais. Além deles, tenho um menino de 15 e uma menina de 13. O orçamento familiar ficou apertado e meus filhos estão sentindo os cortes nas despesas, demonstrando até tristeza. Isso também me entristece brutalmente, fazendo que eu me sinta frustrada na função de provedora. Estou em busca de uma nova colocação no mercado, já enviei mais de 50 currículos, mas, sequer fui convidada para entrevistas. Estou sentindo-me arrasada e deprimida. Por favor, me envie uma palavra de alento”.
Resposta:
Esta é uma dura realidade que acontece no Brasil. As pessoas trabalham a vida inteira e, quando merecem descansar e ter um pouco de paz, se deparam com a diminuição da renda. Não raro, têm de voltar ao mercado de trabalho. Essas histórias se repetem diariamente em um país que é marcado por desigualdades sociais. Com isso, duas possibilidades se apresentam: adequar-se à nova realidade financeira, fazendo redução de custos, ou buscar uma renda complementar para não baixar o padrão de vida. Ser a única fonte de renda em um lar, na maior parte das vezes, traz sobrecarga física e emocional.
Além de um problema sério como a queda de renda, ainda é necessário lidar com outra situação: a grave crise econômica que estamos vivenciando, na qual o contingente de desempregados, chega a quase 12 milhões. Estou assistindo muitas pessoas batalharem por um posto de trabalho há meses e não conseguirem. Outros, quando encontram alguma oportunidade, têm o salário muito abaixo do que recebiam na última função, por vezes, metade dos vencimentos ou menos ainda. Não sabemos aonde e quando isso irá parar. Só torço para que seja rápido, pois é muito triste ver tantas famílias nessa condição.
Dica pra você: sei que o que vou dizer pode parecer prêmio de consolação, mas, por favor, não enxergue por este lado. Pelo menos, você ainda tem a sua aposentadoria porque, se estivesse desempregada e sem nenhuma renda, honestamente, não sei como você iria fazer pra sustentar quatro filhos.
Portanto, vou retomar o que falei no início deste post. Há duas possibilidades. Uma delas, seria a resignação. De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, um dos significados de resignação, seria “aceitação sem revolta dos sofrimentos da existência”. No seu caso, isso seria não procurar um novo trabalho, reduzir o padrão de vida, dizer aos filhos que infelizmente será assim de agora em diante e não se revoltar com essa condição. Ou seja, a resignação implica a aceitação de uma situação de forma pacífica, sem culpa, revolta ou pesar. Simplesmente entende-se que é uma condição existencial e ponto final. É um conceito dificílimo de se praticar, mas, algumas pessoas conseguem e todos nós, em algum momento da vida, teremos de nos resignar diante de uma determinada situação.
Por outro lado, neste mesmo dicionário, existe o verbo recusar. Um de seus significados é: “não admitir”. Esse não admitir pode ser um desastre na vida das pessoas, caso se leve o conceito ao pé da letra. Não admitir que todos nós envelhecemos, por exemplo, leva muita gente a fazer procedimentos estéticos até mesmo bizarros. Agora, não admitir um salário baixo por toda a vida, não admitir que uma pessoa te maltrate num relacionamento e daí por diante, pode ser uma ferramenta de transformação psicológica muito útil. Eu não posso decidir por você sobre resignação ou não admitir tal situação. O que acho é que a escolha precisa ser feita com paz no coração e perseverança. Se optar por continuar a procurar uma vaga de trabalho, tenha paciência porque, uma crise econômica não dura a vida inteira. Sendo assim, o “aperto no cinto” seria algo momentâneo, até que surja algo pra você. Boa sorte!
Um abraço,
Douglas Amorim
Em primeiro lugar,quando eu respondo uma pergunta, a ideia é que a resposta valha para mais pessoas, não apenas para quem a enviou. o Brasil tem aumentado e muito, a expectativa de vida da população. Uma das cenas que mais se vê, são idosos aposentados, deprimidos e com dificuldades financeiras. A foto é o espelho disso, não da pessoa que escreveu. Além do mais, o conteúdo do texto é muito mais importante do que uma foto. Um abraço!
Ela já está deprimida pela aposentadoria, falou que tem 55 anos, e vocês vão e colocam uma foto de um casal de 80?!??!?!?!?! Que psicologia é essa!!!