O Brutalista (The Brutalist, 2024) – indicado em dez categorias, incluindo Filme, Direção (Brady Corbet) e Ator Principal (Adrien Brody).
No final da Segunda Guerra, um conceituado arquiteto húngaro judeu sobrevive a um campo de concentração, consegue emigrar para os Estados Unidos e, enquanto tenta trazer a esposa e a sobrinha órfã, busca sobreviver de pequenos trabalhos.
Dos dez filmes indicados ao prêmio principal no Oscar 2025, O Brutalista é aquele que tem mais cara de Cinema clássico. É uma cinebiografia (mesmo que fictícia), o protagonista sobreviveu ao campo de Buchenwald, a trama passa por quase todo o século XX, a fotografia tradicional mostra o desenvolvimento dos Estados Unidos… São vários os elementos que nos remetem aos clássicos. Isso e o fato de ser longo, muito longo! Tem até intervalo nas sessões!
Adrien Brody, com a cara de coitado costumeira, mostra todo o sofrimento de László Tóth, que passa por várias situações difíceis e acaba até viciado em heroína. A não ser por uma polêmica besta quanto à manipulação do sotaque húngaro por inteligência artificial em pouquíssimos diálogos, que pode influenciar negativamente a escolha, o Oscar já é dele. Seria o segundo, depois do igualmente sofrido Wlasdyslaw Szpilman, de O Pianista (2002). Dois colegas coadjuvantes foram também lembrados pela Academia: Felicity Jones, que vive a esposa de Tóth, e Guy Pearce, na pele do milionário que emprega Tóth.
Uma indicação ao Oscar que se mostra inexplicável é a de melhor montagem. O filme é excessivamente longo, não deixando nada de fora. O montador Dávid Jancsó (de Pedaços de uma Mulher, 2020), húngaro como o personagem, parece ter gostado muito de tudo que foi filmado, e às vezes não sabe como juntar as partes, apelando para o bom e velho fade out, quando você apenas escurece a imagem e passa para a próxima cena. Algumas partes são muito explicadas, enquanto outras não merecem a mesma atenção. O tom episódico afasta o público, que não se envolve pelos dramas vividos, deixando a experiência de assistir meio fria.
Os pontos negativos levantados acima deixam claro que não se trata do melhor filme do ano, ou mesmo de algo memorável que vá marcar a sétima arte. É sim um bom filme, que merece atenção. Mas as exageradas dez indicações ao Oscar mostram que o ano foi fraco para o Cinema: faltou candidato em algumas categorias ou sobrou preguiça por parte dos membros da Academia, que votaram nas mesmas obras para tudo, para facilitar. E eles nem devem conhecer a arquitetura brutalista, e o filme não explica o título.

Exemplo de arquitetura brutalista, feita com concreto bruto
Filme presunçoso, colcha de retalhos que não aquece. O cinema clássico foi assassinado pela incompetência e falta de talento, o resultado é a brutalização das ideias.