Robbie, Bob, Nesta, Skip, Skipper, Tuff Gong, Gong… São vários nomes ou variações deles pelos quais ele era chamado. Entrou para a história como Bob Marley e ficou conhecido como um dos fundadores do reggae, estilo musical nascido nos anos 60, na Jamaica. Tamanha foi a sua influência que ainda é lembrado como um dos maiores nomes da música internacional e como o representante principal do reggae. Em 2024, ele ganha uma cinebiografia autorizada pela família, que conta com membros na produção e muitas de suas músicas na trilha.
O fato de Bob Marley: One Love (2024) ser chancelado pela família Marley pode dar a entender que se trata de um filme chapa branca, que pega leve com seu biografado e não mostra possíveis podres ou erros dele. Sim, isso acontece – talvez de forma menos problemática que em Maestro (2023), por exemplo, mas ainda assim incomoda. O fato do roteiro focar em um momento específico, ao invés de tentar abarcar toda uma vida, seria um ponto positivo. Seria, não é. Muita coisa fica confusa, e o roteiro chega a criar algumas dessas confusões deliberadamente, além de causar outras por omissão. A figura do pai, por exemplo, fica aparecendo de todas as maneiras erradas, enquanto a verdade sobre ele é deixada de lado. Não adianta ter um amigo de Bob à disposição como consultor, caso de Neville Garrick, se as perguntas certas não forem feitas.
O roteiro de One Love foi escrito pelo diretor do longa, Reinaldo Marcus Green, e mais três, sendo um deles Zach Baylin. Os dois tiveram as mesmas funções em King Richard – Criando Campeãs (2021), outra cinebiografia confusa e “passa pano”. A história apresenta Marley e sua trupe para logo mostrar o atentado que mudaria a cabeça dele e o faria compor canções mais engajadas politicamente. O pano de fundo, a situação violenta da Jamaica, é explicado num letreiro inicial, e flashbacks vão trazendo informações sobre um Marley mais jovem. Nada muito esclarecedor e o país é pouco explorado, sempre com aquela fotografia padrão norte-americana, em sépia, que faz tudo parecer quente e envelhecido.
Como Green não é habilidoso nem como diretor, nem como roteirista, ele parece apostar suas fichas na atuação de seu ator principal. Visto recentemente na série água de salsicha da Marvel Invasão Secreta (Secret Invasion, 2023) e mais lembrado como Malcolm X em Uma Noite em Miami… (One Night in Miami…, 2020), Kingsley Ben-Adir faz uma versão meio playboy de Marley, mais forte fisicamente, mas mais apagado. Se visualmente ele está longe de seu personagem, a interpretação o afasta mais ainda. Lashana Lynch (de As Marvels, 2023) se sai melhor como Rita, apesar da relação dela com Bob nunca ficar muito clara. Parte dos conflitos entre eles aparece, mas apenas para confundir. E os sotaques jamaicanos flutuam do crível ao falso.
Se tem uma coisa que funciona nesse One Love são as músicas originais de Marley. As faixas são bem encaixadas e pontuam bem o filme, mas acabam sendo um último recurso. É como se pensassem: “Se nada der certo, conquistamos o público com as músicas”. A produção musical ficou a cargo de um filho de Marley, Stephen, e há outros muitos Marleys na produção, e Ziggy teve uma atuação mais importante no desenvolvimento do projeto. Não é coincidência os dois serem os únicos entre os filhos mencionados nominalmente. Para conhecer bem o episódio que o filme tenta retratar, vale buscar o curto documentário Remastered: Who Shot the Sheriff, disponível na Netflix.
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