Um casal unido, dois filhos saudáveis, uma casa grande, com jardim na frente e piscina no quintal. A própria imagem do sonho americano, como em um quadro de Norman Rockwell. Assim começa Mergulho Noturno (Night Swim, 2024), filme que chega aos cinemas essa semana adaptado de um curta-metragem do próprio diretor e roteirista, Bryce McGuire, que usa essa premissa alegre para causar terror no público.
Com apenas um longa no currículo, Unfollowed (2018), McGuire desenvolveu, junto ao colaborador Rod Blackhurst, o conceito que havia criado e o curta de quatro minutos virou um longa de mais de uma hora e meia. E ainda conseguiu bons atores para viverem o casal principal: a ótima Kerry Condon foi indicada ao Oscar no ano passado por Os Banshees de Inisherin (2022) e Wyatt Russell fez o Agente Americano na série do Falcão e o Soldado Invernal, da Marvel. Russell tem as mesmas características do pai, Kurt: o carisma compensa uma certa limitação como intérprete.
A história não é das mais originais, apenas o mote é: o mal da vez se esconde na piscina, o símbolo do sucesso da família. Ter uma piscina em casa é uma grande realização, ou ao menos o filme mostra dessa forma, e ela ser a fonte do problema é uma sacada interessante. Guardadas as devidas proporções, dá para traçar um paralelo com o Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989). Fica a impressão que McGuire deve ter passado a adolescência lendo Stephen King e se sentiu inspirado.
Em boa parte da obra, percebemos que o diretor está mais preocupado em construir uma atmosfera de suspense do que em causar sustos gratuitos – que até acontecem, mas bem espaçados. A lógica é bem desenvolvida e, se não é uma obra-prima, ao menos diverte de maneira competente. O final não é exatamente imprevisível, mas é satisfatório. Desavisados podem até se decepcionar, mas quem procura um bom filme de terror deve ser bem servido.