Na década de 1920, indígenas da tribo Osage descobrem petróleo em suas terras e negociam os direitos de exploração, tornando-se alguns dos cidadãos mais ricos dos Estados Unidos. Infelizmente, dinheiro traz consigo o pior do ser humano e logo os crimes começam a acontecer, colocando em risco a vida de todos eles. E havia dois agravantes: crimes cometidos em terras indígenas não eram investigados pela polícia branca; e ninguém dava a mínima quando um deles era assassinado. Causava mais comoção chutar um cachorro, como um deles descreve.
Nesse cenário, conhecemos os personagens principais e uma infinidade de coadjuvantes, todos bem introduzidos e desenvolvidos dentro do necessário. Cortesia de Eric Roth, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por Forrest Gump (1994) e indicado outras seis vezes, e do próprio Scorsese, que adaptaram o livro de David Grann, jornalista que já originou outros quatro filmes (como Justiça em Chamas, 2018). De Niro e DiCaprio, que contracenaram pela primeira vez em O Despertar de Um Homem (This Boy’s Life, 1993), dispensam apresentações e merecem todos os elogios possíveis. O outro destaque fica para Lily Gladstone (da série Billions), atriz que tem ascendência indígena e, apesar de ter menos experiência, não fica atrás dos colegas.
Cada personagem tem uma jornada bem particular e muito interessante. Ernest Burkhart, vivido por DiCaprio, é recém-chegado da guerra e vai procurar o tio bem sucedido em busca de uma oportunidade. Ele não chega a ser ingênuo, mas começa bem mais inocente. Bill Hale (De Niro), o tio, é chamado por muitos de Rei e age como tal. É o típico cidadão de bem, visto por todos como bonzinho e caridoso, que tem seus planos escusos sempre prontos para serem executados. E Mollie (Gladstone) ficou rica repentinamente e precisa aprender a lidar com tudo que vem com a riqueza, inclusive a disputa de pretendentes. De quebra, ainda temos um relance dos primórdios do FBI, a polícia federal norte-americana.
Os 200 milhões de dólares do orçamento foram muito bem gastos. Além de pagar o elenco, que ainda conta com nomes como Jesse Plemons, John Lithgow e o oscarizado Brendan Fraser, o longa conta com um design de produção primoroso, que recria a cidade principal e os vilarejos que a cercam, e conta inclusive com consultores dos próprios Osage, para dar veracidade aos figurinos, cenários e costumes. Mais uma vez, quem cuida da montagem é Thelma Schoonmaker, histórica colaboradora de Scorsese. O excesso de duração, com 3h26min, é discutível, mas não percebemos nada sobrando, o que novamente é ponto para a montadora. E, falando em colaborador frequente, não podemos esquecer o já saudoso Robbie Robertson, ex-membro da The Band e responsável por várias das trilhas do diretor, que também faz um ótimo trabalho com as canções da época. Além das músicas de nativos norte-americanos, Robertson compôs a trilha original, que completou antes de falecer, no último mês de outubro.
Filmado nas terras dos Osage, em Oklahoma, Assassinos da Lua das Flores traz muita verdade, fazendo com que essa triste história fique bem conhecida, e certamente será destaque na próxima temporada de premiações. Scorsese, Roth e Gladstone, principalmente, devem concorrer a muitos prêmios, entre outras categorias. Mesmo que, em breve, o filme chegue ao serviço de streaming Apple TV+, é um daqueles que merecem ser vistos na tela grande, em toda a sua riqueza de detalhes e sem interrupções. Como diz o meme que leva a imagem de Scorsese: “isso é Cinema!”.
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