Entre animações e live actions, desde a década de 80, deu pra perder a conta de quantas aventuras em longa-metragem as Tartarugas Ninja já tiveram até agora, e mais uma chega aos cinemas essa semana. Caos Mutante (Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem, 2023) traz novamente a origem dos heróis e não tem nenhuma ligação com os anteriores. Mesmo soando repetitivo, é divertido e sua grande força é o carisma de seus protagonistas, quatro adolescentes “diferentes” buscando serem aceitos pela humanidade.
Apresentando bem a personalidade de cada tartaruga crescida, o filme logo ganha o espectador. Leonardo é quem toma a frente, sendo o responsável do grupo; Raphael é o explosivo, que precisa controlar a raiva que carrega; Michelangelo faz os planos e logísticas; e Donatello é o geniozinho da informática. E eles contam com a mentoria/paternidade de Splinter, um rato mais vivido que nutre uma certa raiva/medo dos humanos. Os questionamentos que surgem têm um grande paralelo com os dramas vividos pelos X-Men, também mutantes buscando aceitação.
A trama mexe ligeiramente com a história que conhecemos de outras versões, acrescentando alguns elementos e alterando outros, mas nada que vá causar estranhamento. Somos apresentados também a um novo vilão misterioso que está cometendo roubos pela cidade de Nova York e cujo caminho vai acabar trombando com o de nossos heróis. A ligação entre eles é bem construída e dá ramificações interessantes, com um bom desenvolvimento da história. Os também produtores Evan Goldberg e Seth Rogen (ambos de Invencível) assinam o roteiro ao lado do codiretor Jeff Rowe (de A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, 2021).
Mesmo tendo Goldberg e Rogen, notórios comediantes, entre os roteiristas, esse novo Tartarugas Ninja não consegue acertar as piadas que lança, dificilmente arrancando um risinho do espectador. Se não ganha pontos no humor, ao menos o longa é bem sucedido em outras áreas, como na própria animação, bem feita e dinâmica. E os mais velhos vão achar graça das muitas referências e homenagens disparadas a cada quadro, do Ferris Bueller de Curtindo a Vida Adoidado (1986) ao rap de Vanilla Ice que remete ao filme das Tartarugas de 1991: Go Ninja Go! E a cena pós créditos dá o gostinho do que está por vir.
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