Por anos, fãs do desenho Caverna do Dragão torceram por uma adaptação para o Cinema. A obra era baseada no jogo que é tido como o primeiro RPG da história, aqueles que você vai decidindo o destino dos personagens nos dados. Ao invés de usar o desenho, os realizadores decidiram ir direto na fonte e criar uma trama totalmente nova. Assim, temos a chegada nos cinemas de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves, 2023).
Lançado em 1974, o jogo atribui a cada participante um personagem, com características definidas antes do início da partida. Com o andar da história, cada um pode ganhar riquezas, habilidades ou experiências. Ignorando (mas homenageando) Caverna do Dragão e a trilogia feita no início dos anos 2000, a Paramount Pictures decidiu começar tudo do zero e incumbiu Jonathan Goldstein e John Francis Daley (de A Noite do Jogo, 2018) da direção, além de escreverem o roteiro com Michael Gilio.
O longa começa com dois amigos, presos, contando sua história para os juízes de um possível perdão. Livres, eles vão atrás da filha de um deles, que passou os últimos anos sob os cuidados de outro amigo. Só que o sujeito se mostra um safado traiçoeiro e, para derrubá-lo, a dupla vai precisar reunir a antiga gangue. Encabeçando o elenco, temos de um lado Chris Pine (o Capitão Kirk de Star Trek) e Michelle Rodriguez (da saga Velozes e Furiosos) e, do outro, como antagonista, Hugh Grant (de The Undoing). Outros destaques respondem por Sophia Lillis (de It – A Coisa, 2017), Justice Smith (de Jurassic World: Domínio, 2022) e Regé-Jean Page (de Bridgerton).
Como uma espécie de Guardiões da Galáxia da fantasia, a turma funciona muito bem junta. Pine, o estrategista falastrão, e Rodriguez, a guerreira durona, se complementam perfeitamente, liderando os demais, que não fazem feio. Grant faz o vilão tranquilamente, com todo o charme de sempre, e parece se divertir. Page, com poucos títulos em sua jovem carreira, já parece alçado à condição de participação especial, como acontece com veteranos do peso de um Bill Murray, por exemplo. Causa certo estranhamento, mas nada que atrapalhe.
Com um peso dramático adequado, temos uma boa mistura de ação e humor e uma montagem ágil, que não cansa o espectador, apesar das mais de duas horas de duração. A trilha, assinada por Lorne Balfe (de Adão Negro, 2022), acompanha bem as cenas, sem sobressair ou nos dizer o que sentir, e a fotografia de Barry Peterson (também de Noite do Jogo) explora bem a geografia dos lugares e a criatividade dos designers de produção, que inventaram um mundo bacana que certamente será mais explorado no futuro. Só não dá para entender o uso da palavra “rebeldes” no subtítulo, quando “ladrões” seria a tradução certa e que faria sentido para a trama.
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