Pânico VI empurra a franquia adiante

A boa arrecadação e as críticas animadoras do quinto Pânico (Scream, 2022) garantiram à dupla Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin a direção do sexto capítulo, e retornam também os roteiristas, James Vanderbilt e Guy Busick. É a primeira vez que acompanhamos uma trama que não visita Woodsboro, a cidade onde tudo aconteceu (e tem acontecido), e Nova York traz mais possibilidades. E mais suspeitos.

No início de Pânico VI (Scream VI, 2023), reencontramos os quatro sobreviventes do anterior, que se mudaram para uma grande cidade e foram cuidar de suas vidas. Tara (Jenny Ortega, mais conhecida como Wandinha) está na faculdade e tenta viver normalmente, deixando de lado toda a tragédia de seu passado. Já a irmã, Samantha (Melissa Barrera), não acha assim tão fácil seguir adiante e é superprotetora com Tara. Elas continuam tendo por perto os irmãos Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding), e outros personagens aparecem para completar o quadro.

Pelo trailer já dá para entender que alguém em NY sabe do passado do quarteto e vai fazê-los reviver tudo aquilo. A campanha de marketing aproveita bem a sequência no metrô, mas a verdade é que o fato de termos uma cidade grande não é bem aproveitado pelo filme. Poucas cenas se passam em locais abertos e multidões. De resto, é como se eles estivessem em uma cidadezinha, sempre fechados em um lugar pequeno.

A estrutura dessa sexta parte é similar à dos anteriores, com uma introdução interessante com a linda Samara Weaving fazendo uma ponta – ela foi a protagonista de Casamento Sangrento (2019), dos mesmos diretores. A metalinguagem e as piadas e referências cinematográficas continuam fortes, com menos humor e piadas, o que é bom. Regras e conceitos novos são introduzidos (a participação de Tony “Flash” Revolori comprova isso), o que movimenta as coisas um pouco.

Além do quarteto do filme anterior, temos a volta de Courteney Cox, mais uma vez vivendo a enxerida repórter Gale Weathers, e de Hayden Panettiere, que foi ferida no quarto filme e aparece como agente do F.B.I. Algo que pode ser um problema para novatos na franquia é o número de citações diretas aos anteriores, dos assassinos às vítimas, passando por diversas situações. Para quem reclama do “esquema de pirâmide” do Universo Cinematográfico da Marvel, este não fica atrás.

Dentre as novidades do elenco, temos dois rostos conhecidos que chegam para reforçar a turminha jovem. Henry Czerny (também de Casamento Sangrento) é o psicólogo de Sam, enquanto Dermot Mulroney (mais lembrado por O Casamento do Meu Melhor Amigo, de 1997) faz o pai de uma nova amiga dos principais. Depois de fazer Sobrenatural: A Origem (2015) e a série The Purge, Mulroney se junta a outra bem sucedida franquia de terror.

Como sempre acontece, algumas das regras e clichês indicados pelos personagens são utilizados pelo roteiro, o que quebra um pouco a metalinguagem. Algumas situações são forçadas, como personagens que somem e aparecem apenas quando necessário, e parte do elenco faz caretas desnecessárias apenas para parecerem suspeitos. Assim, desconfiamos de todos e somos supreendidos por um final não muito inspirado. Nossa única certeza, desde o início da sessão, é que virão muitos Pânico por aí ainda. Só não sabemos se há fôlego para isso.

A sequência no metrô é de longe o melhor momento do longa

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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