Séries ocupam o roteirista e diretor Taylor Sheridan

Poucas pessoas no showbiz norte-americano devem estar tão ocupadas quanto Taylor Sheridan. Tendo começado sua carreira artística como ator, ele se viu com 40 anos e nenhum grande papel. Foi o momento de escrever um roteiro e receber uma atenção como nunca antes. Sicario (2015) foi bastante elogiado e o levou ao trabalho seguinte, o indicado ao Oscar A Qualquer Custo (Hell or High Water, 2016). Sheridan (abaixo) não parou mais e, só essa semana, viu sua nova série estrear, além da chegada do quinto ano do maior sucesso da televisão atualmente, também assinado por ele.

Com os maiores números de audiência na tela pequena desses dias, Yellowstone chega à sua quinta temporada dando prosseguimento à história da família Dutton. Com 12,1 milhões de televisões ligadas na estreia, o novo arco traz John Dutton (Kevin Costner) como o novo governador eleito da Califórnia (o que acontece já nos primeiros minutos do episódio inicial). A partir daí, temos um empresário que se diz um não político e conservador que pretende congelar o estado no tempo. E ainda nos pegamos torcendo por ele. Afinal, trata-se de Kevin Costner. Só na ficção!

Quem viu a quarta temporada da série sabe que a rivalidade entre Beth (Kelly Reilly) e Jaime (Wes Bentley) chegou ao ápice e as coisas prometem pegar fogo. Ou derramar sangue, o que é mais provável. E Kayce (Luke Grimes) segue em sua jornada à Michael Corleone. Os dois primeiros episódios foram exibidos em sequência, para fisgar quem acha que o intervalo entre temporadas pode ter esfriado alguém. O que certamente não aconteceu, tamanho o interesse por essa volta. E a qualidade dos episódios anteriores está lá, intacta.

Além de ver a continuação de sua maior criação, Sheridan ainda acompanhou, no mesmo dia 13 de novembro, o lançamento de Tulsa King, a nova série que bolou e roteirizou. Como já é costume do roteirista, os acontecimentos e os diálogos são diretos e objetivos, e a direção do veterano Allen Coulter (de Hollywoodland, 2006) costura tudo de forma certeira. Ah, e ajuda muito ter o astro Sylvester Stallone em sua primeira vez como protagonista de série.

Depois de 25 anos na cadeia para acobertar um chefão, o capanga vivido por Sly volta à vida em sociedade e descobre que já não há lugar para ele no crime de Nova York. Matando dois coelhos com uma cajadada, o tal chefão o incumbe de instituir e dominar a máfia em Tulsa, cidade de Oklahoma até então calma, sem violência, com uma população relativamente pequena. Ou seja: a família segrega um veterano desatualizado e expande seus braços criminosos. Se a jogada der certo, claro.

Era 1997 quando ele foi preso. São 25 anos fora de circulação, numa época em que a tecnologia avança a passos largos. Dwight Manfredi perdeu muita coisa e já está na casa dos 75 anos, o que não facilita sua atualização. E é aí que está a parte mais divertida da atração: acompanhar os esforços do sujeito para entender um mundo que andou e não o esperou. Os coadjuvantes que o rodeiam são bem atípicos e devem causar situações interessantes.

Acostumado a lidar com caubóis e caipiras, o texano Sheridan fica em terreno seguro, cercando-se de personagens nessa linha. Não que isso seja um demérito, Stephen King escreve sobre o Maine há décadas e ninguém reclama. Quem já acompanha os Duttons deve ficar satisfeito com os acontecimentos dessa nova temporada, e quem não os conhece pode começar do primeiro episódio. Há séries derivadas de Yellowstone em produção, nada menos que quatro. E Tulsa King provavelmente guarda boas surpresas, podendo se tornar um novo sucesso na carreira de seu ator e de seu criador.

Stallone levou o elenco todo ao lançamento da série

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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