Mulher-Hulk é uma nova e relutante heroína Marvel

O estúdio Marvel segue lançando filmes e séries em ritmo vertiginoso. E isso tem afetado claramente a qualidade das obras, já que roteiros e efeitos visuais, dois pontos que chamam muita atenção nesse tipo de produção, acabam sendo afetados negativamente. Depois de duas séries discutíveis, Cavaleiro da Lua e Ms. Marvel, a boa notícia é que Mulher-Hulk: Defensora de Heróis (ou She-Hulk: Attorney at Law) tem se mostrado bem acima da média.

Com três episódios já exibidos, a série tem mostrado um humor bem pensado, em cima das situações vividas pela personagem-título, e ainda brinca com as nossas expectativas, sugerindo por exemplo que deve ter gente assistindo apenas para conferir as participações especiais. Mas não se engane: a cena é da Tatiana Maslany, famosa por Orphan Black, que agora encontrou outro veículo para mostrar o seu talento. Frequentemente quebrando a quarta parede (quando o personagem conversa com a câmera/espectador), ela faz observações cínicas sobre o que está acontecendo e a acompanhamos enquanto ela se adapta a suas novas habilidades.

Maslany vive uma advogada que tem um Vingador na família: ela é prima de Bruce Banner (Mark Ruffalo), o Hulk. Uma explicação um tanto esdrúxula e ela se vê transformada numa criatura verde, forte e praticamente indestrutível, como Bruce. Não demora a ganhar a alcunha de Mulher-Hulk. Juntando o Direito e os poderes recém-adquiridos, ela se torna uma advogada especializada em causas que envolvam seres superpoderosos. E o primeiro desafio é conseguir uma condicional para Emil Blonsky (Tim Roth), vilão apresentado no longa solo do Hulk de 2008 (no qual Bruce foi interpretado por Edward Norton).

Blonsky recebeu um soro, se tornou o Abominável e tentou matar Bruce. Cabe a Jennifer Walters driblar esse conflito familiar e assumir o caso. Ruffalo e Roth são duas das participações especiais que vemos, e o elenco conta com os competentes Ginger Gonzaga e Josh Segarra como coadjuvantes de Maslany. A bela Jameela Jamil (de The Good Place) faz uma ponta no primeiro episódio que deve dar frutos. Espere por mais gente famosa – inclusive um colega advogado que está chegando calmamente ao Universo Cinematográfico Marvel.

Com mais seis episódios à frente, Mulher-Hulk já pode celebrar a boa recepção. Se o público está dividido ao meio no site agremiador Rotten Tomatoes, a crítica atribui 87% de aceitação. Walters é mais uma heroína a ter sua origem contada na TV, mas logo deve se juntar aos demais no Cinema. O MCU ainda tem muita coisa guardada, com pelo menos dez filmes e quinze séries com lançamentos já previstos. Resta saber se teremos qualidade nessa avalanche de novidades.

Tatiana Maslany se alterna entre sua versão humana e a outra, verde

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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