Mais do mesmo. De Novo. Assim pode ser descrito o novo Jurassic World Domínio (Jurassic World Dominion, 2022), parte final da trilogia iniciada em 2015. Ou sexta parte da franquia que começou com o Jurassic Park original, de 1993. O diretor e roteirista Colin Trevorrow volta ao comando, depois de se ausentar no último, e aposta todas as suas fichas, exaurindo esse universo. E, ao mesmo tempo, parece estar apenas se repetindo, usando os mesmos clichês que já vimos não sei quantas vezes.
Quem vai ao cinema esperando ver dinossauros comerem gente ficará satisfeito. Quem procura uma discussão ambiental sobre as consequências de mexer na natureza verá uma bem artificialmente. E os que procuram ação desenfreada não sairão tristes, mas é bom fazer duas ressalvas: há momentos confusos, em que ficamos um tanto perdidos sobre o que está acontecendo; praticamente tudo o que é mostrado na foi visto nos episódios anteriores.
Este sexto filme faz o que os fãs da franquia esperavam há tempos: mistura a equipe recente, formada basicamente por Bryce Dallas Howard e Chris Pratt, e a clássica, trazendo de volta Sam Neil e Laura Dern, além do já visto Jeff Goldblum. É claro que há um certo charme nisso, mas a aposta na nostalgia do público é descarada. É bom sim reencontrar os personagens do primeiro, e os atores retomam de onde pararam com muita naturalidade, mas incomoda que essa jogada caça-níqueis salte tanto aos olhos. É um atestado de não saber mais para onde correr.
Os momentos de suspense desse Domínio são telegrafados minutos antes, dá para prever tudo. E em momento algum tememos pela integridade física de nossos queridos companheiros, não parece que o roteiro vai abrir mão de ninguém. Pelo contrário, ele soma alguns, necessários para o momento. Os novos nomes de destaque respondem por Mamoudou Athie (da série Arquivo 81), o responsável pelas comunicações na corporação que hospeda os dinossauros; Campbell Scott (de WeCrashed), que vive o milionário por trás de tudo; e DeWanda Wise (de Vingança & Castigo, 2021), a mercenária que cria consciência.
A história gira em torno de ganância e avanços científicos, como sempre. Os motivos torpes são camuflados como um investimento filantrópico em busca de curas para doenças. E nem é bom analisar a parte científica envolvida, a viagem é mais louca do que qualquer coisa que vimos até aqui. A cada filme há um novo “maior carnívoro de todos”, o que nos leva a questionar a sanidade dos envolvidos. Para que recriar essas criaturas monstruosas e incontroláveis? Apenas para deleite do espectador.
Se a trilha sonora de Michael Giacchino não traz nenhuma novidade memorável, ao menos os efeitos especiais são os melhores possíveis. Vemos todos os detalhes dos dinossauros, sua pele, pêlos, movimentos. Pena que servem a um roteiro morno que não traz novidades à franquia, ao menos nenhuma que faça alguma diferença. Como tudo em Hollywood funciona à base de trilogias, ao menos esse Domínio serviu para encerrar essa. Ou não.