Uncharted é videogame que funciona no Cinema

É difícil entender porque estúdios insistem em adaptar jogos de videogame para o Cinema. A maioria fracassa nas bilheterias e quase todos são pura e simplesmente ruins. Entre as raras exceções está Uncharted: Fora do Mapa (2022), diversão simpática advinda do Playstation que já arrecadou quase três vezes o seu orçamento.

Na onda do também recente Alerta Vermelho (Red Notice, 2021), temos uma fórmula que envolve estrelas de Hollywood e um tesouro há muito escondido, disputado por pilantras de bom coração. Dessa vez, a dupla principal é vivida pelo “Homem-Aranha” Tom Holland e o eterno “Marky Mark” Wahlberg (de Todo o Dinheiro do Mundo, 2017). Duas gerações que se dão bem em cena e trazem um humor muito bem-vindo.

Inspirados pelo suposto ouro que o navegador Fernão de Magalhães teria escondido e nunca retirado, eles começam a buscar pistas e logo viajam pelo mundo. Outro que busca a fortuna perdida é o milionário Santiago Moncada (Antonio Banderas, de A Lavanderia, 2019), mais pelo orgulho de ser o destaque da família que pelos valores propriamente. E há duas mercenárias envolvidas, cada uma com seus interesses (vividas por Sophia Ali e Tati Gabrielle).

Como os filmes e séries da Marvel fazem questão de mostrar seus heróis mais sem máscara que mascarados, fica difícil desvincular Holland do Teioso. Mesmo assim, o ator faz um bom trabalho, e não deixa de tirar a camisa para mostrar seus gominhos abdominais duramente conquistados. Wahlberg também não faz feio, demonstrando facilidade para interpretar alguém sem escrúpulos.

Banderas, reproduzindo o estereótipo do espanhol que fala inglês com sotaque carregado, faz o papel com os pés nas costas. Ali e Gabrielle parecem em ascensão e logo vão ter mais destaque. Locações maravilhosas não faltam, o trabalho do diretor de fotografia é explorá-las, e o faz bem.

A boa bilheteria de Uncharted já deve garantir mais trabalho para o diretor Ruben Fleischer, lembrado pelos dois Zumbilândia (2009 e 2019) e o primeiro Venom (2018). Seja com a continuação prontamente confirmada pela Sony Pictures, seja com outros projetos, já que essa atenção recebida dá frutos. E o final do longa deixa várias possibilidades para a sequência.

Antonio Banderas se diverte como o vilão Moncada

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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