Para quem não sabe, The Purge, o título original (adaptado para “Uma Noite de Crimes”), se refere a uma noite no ano em que os crimes são permitidos e os serviços essenciais, como polícia e bombeiros, não estão disponíveis. Ou seja: cada cidadão de bem pode revelar sua real faceta, oferecendo ao próximo o que ele tem de pior. A crítica da franquia à sociedade em que vivemos, recheada de falsidade e hipocrisias, começou logo no primeiro filme, quando jovens “bem-criados”, brancos, loiros e ricos, andam pela vizinhança procurando mendigos para matar. E os demais querem apenas se trancar em casa, que se danem os menos afortunados.
Depois de focar em apenas uma residência, DeMonaco expandiu seu foco e levou a ação para as ruas. Em seguida, ao mundo da política, já que opositores poderiam usar o dia do expurgo para eliminar desafetos. O filme “de origem”, o mais fraco, mostra o cenário descontrolado que os Estados Unidos viviam e a proposta de uma psicóloga: deixar a população extravasar por 12 horas, ficando contida o resto do ano. Numa crítica clara ao crescimento da direita pelo mundo, não só a Trump, DeMonaco nos apresenta aos New Founding Fathers of America, o partido que chega ao poder com essa inovadora proposta para acabar com a violência. Algo como quem diz que empregadas domésticas viajando à Disney é uma festa que tem que acabar.
No quinto filme, por incrível que pareça, o resultado é bem superior aos últimos. Jogando o conceito para cima, dando potência a ele, DeMonaco foge da fórmula que inventou de forma a expandi-la. E se as pessoas se organizassem para garantir que o dia do expurgo não acabasse? As redes sociais permitem esse tipo de combinado, da mesma forma que permitem a divulgação de mentiras (as tais fake news), e não seria nada complicado para um grupo minimamente articulado criar essa proposta em nível de país. A sirene soa, os Estados Unidos voltam a respirar aliviados depois de mais uma noite do expurgo. Ou não.
Chamar um diretor de origem mexicana, Everardo Gout (da série Marte), foi uma jogada de mestre para dar um ponto de vista daquela população que vive nos EUA, mas é vista por alguns como usurpadora. Com um presidente como Trump, ainda muito recente, a situação piora, já que o próprio líder do país alimenta o preconceito contra os vizinhos que vivem entre eles. Pode parecer didático além da conta, como se o longa estivesse pregando, mais preocupado com a política. Mas não há nada mais acertado para o momento do que mostrar a importância dos imigrantes para o país. Ao contrário do desserviço de um Rambo, por exemplo.
Como o próprio DeMonaco planejou, A Fronteira seria uma boa forma de fechar seu arco do dia do expurgo. Claro que, trabalhando-se com um conceito, sempre dá para mostrar outras pessoas passando por situações similares. Para isso, inclusive, criaram a série The Purge, que toca o barco na televisão já indo para sua terceira temporada. Enquanto a franquia contar com o roteirista, podemos esperar um pouco de lógica, levando esse universo adiante. Mas, chegando próximo dos dez anos trabalhando apenas em torno de uma mesma ideia, é provável que ele busque outras experiências.
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