G.I. Joe Snake Eyes tem a origem contada

Depois de um longa abaixo da média em 2009 e uma sequência abominável em 2013, algum produtor achou uma boa ideia fazer um derivado dos G.I. Joes. Pegaram o personagem mais descolado, talvez por ser mudo e estar sempre mascarado, e contaram a história dele. Daí surgiu Snake Eyes (2021), aventura “origens” que pode dar início a uma sub-franquia de uma franquia falida. E nos faz pensar: qual seria o próximo Comando em Ação a ter sua história contada? O General Braço Forte? Duke? Ou um Cobra, como Destro?

Como o protagonista passaria a maior parte do tempo sem máscara, compensaria contratar um ator chamativo. Mas teria que ser oriental. Ou, ao menos, ter traços orientais. O quase novato Henry Golding, revelado em Podres de Ricos (Crazy Rich Asians, 2019), deve ter sido escolhido por ser considerado bonito, mas não necessariamente é competente. Nas cenas de ação, ao menos, não compromete, e não é pior que os caminhos que o roteiro segue.

 Conhecemos o personagem ainda garoto, e temos uma pequena demonstração de altruísmo do pai ao defender o filho. Agora sozinho no mundo, o pequeno segue seu caminho pelas ruas e, anos depois, entra para o mundo das lutas clandestinas. É aí que um criminoso tarimbado oferece a oportunidade de vingança e ele vai trabalhar pro tal sujeito. Acompanhamos uma trama de clãs antigos, honra, desafios marciais e cobras gigantescas, quando os roteiristas desistem de tentar levar o projeto a sério e apelam para uma total falta de sentido.

Como era de se esperar, os Joes e os Cobras são referências constantes no filme. Os vilões estão infiltrados em várias camadas da sociedade e geralmente estão por trás dos maiores crimes, movimentando grandes quantias pelo mundo. E esse parece ser o objetivo deles: dinheiro. Começando das jogadas mais baixas, como traficar armas dentro de peixes enormes, os Cobras estão envolvidos com tudo. Sabemos que, em algum momento, Snake Eyes vai tomar partido, mas até que isso aconteça vamos conhecendo o personagem.

Se os filmes dos Comandos em Ação não funcionaram, focar em um personagem poderia ser uma boa saída para levantar o interesse do público e vender mais brinquedos. Mas não foi dessa vez que o diretor Robert Schwentke, responsável por besteiras como RED (2010) e R.I.P.D. (2013), acertou. O filme, que se propõe a mostrar a origem de Snake Eyes, inclusive vai contra o que foi mostrado no primeiro G.I. Joe: A Origem de Cobra. E quem criou as pérolas Mestre Duro e Mestre Cego (que só falta dar uma piscadela) precisa seriamente repensar a profissão que escolheu.

O futuro de Tommy pode ser previsto na primeira cena

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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