Novo Invocação do Mal fecha a trilogia dos Warren

Conclusão da trilogia dos Warren e oitavo filme nesse universo, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (The Conjuring: The Devil Made Me Do It, 2021) teve sua estreia adiada por causa da pandemia. No fim, acabou chegando ao mesmo tempo à HBO Max e em alguns cinemas já abertos. Fugindo do tema “casa assombrada” dos anteriores, este é mais ambicioso e parte de um caso real que ganhou as manchetes no início da década de 80.

O primeiro Invocação do Mal, de 2013, trazia o casal de demonologistas Ed e Lorraine Warren investigando uma casa supostamente assombrada no interior dos Estados Unidos. O segundo filme os levou a Londres para uma investigação parecida. Agora, eles se envolvem em uma possível possessão demoníaca. Um garoto tem sinais de que há um espírito maligno em seu corpo e os Warren realizam um exorcismo. O tal demônio acaba passando para outra pessoa e a leva a cometer um crime.

O caso ficou famoso na época por ser o primeiro julgamento no qual o acusado alega, em sua defesa, possessão demoníaca. Partindo dessa situação real, o roteiro de David Leslie Johnson-McGoldrick (também do segundo filme) cria todo um entorno com personagens obscuros e uma investigação policial. Se a música de Joseph Bishara já evocava a trilha clássica de O Exorcista (The Exorcist, 1973), dessa vez a “homenagem” é mais óbvia, com uma cena de um padre em frente à casa da família. Temos também uma referência a O Iluminado (The Shining, 1980).

Mais uma vez, temos Patrick Wilson e Vera Farmiga nos papéis principais empregando muita energia em suas composições. Dada a natureza das atividades dos Warren, seria muito fácil criar figuras risíveis, rasas, caricaturas. Wilson e Farmiga mantêm uma postura muito digna, que faz o público comprar o que vê. Mas as tentativas de sustos gratuitos e os caminhos do roteiro, que acabam traindo as regras anteriormente estabelecidas, não ajudam os protagonistas, que se veem com todo o peso da produção nas costas.

Com a mudança na direção, fica claro que muitos méritos da série se devem ao talento de James Wan, que segue apenas como produtor. Não parecia uma escolha muito inteligente trazer o diretor do pior filme desse universo, A Maldição da Chorona (La Llorona, 2019), para o lugar de Wan. E Michael Chaves confirma a suspeita, mostrando uma falta de habilidade para criar tensão, suspense ou mesmo cenas mais criativas. Diz-se que há uma maldição do terceiro filme e este novo Invocação do Mal serve como mais uma confirmação.

“Momento Exorcista” em Invocação do Mal 3

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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