Com tantos filmes chegando aos serviços de streaming, muita coisa boa se perde nas estantes digitais. É preciso ficar de olho tanto nas estreias quanto naqueles menos recentes que só conseguiram distribuição agora. A Amazon Prime Video tem algumas inclusões recentes que merecem uma indicação e O Pipoqueiro traz cinco delas.
Borat: Fita de Cinema Seguinte (Borat Subsequent Moviefilm: Delivery of Prodigious Bribe to American Regime for Make Benefit Once Glorious Nation of Kazakhstan, 2020) – engraçadíssimo e acertadamente com maior tom político, esta sequência foi lançada antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, dando a Sacha Baron Cohen a oportunidade de bater bastante nos Republicanos e, mais especificamente, em Donald Trump e no vice, Mike Pence. Dessa vez, ele tem o reforço da búlgara Maria Bakalova, formando uma ótima dupla.
Trancafiado em seu Cazaquistão natal, o repórter Borat ganha uma nova missão nos EUA e uma chance de redenção. Já conhecido pelo grande público, Baron Cohen (mesmo fantasiado) é facilmente reconhecido nas ruas, o que dificulta atingir a naturalidade do primeiro filme. E parece haver mais situações ensaiadas, quando o humor perde um pouco da força. Mas as situações que o ator e roteirista cria são impagáveis, valendo facilmente o seu tempo.
O Mistério de Silver Lake (Under the Silver Lake, 2018) – com um atraso considerável, podemos finalmente conferir o mais recente trabalho do diretor e roteirista David Robert Mitchell, responsável pelo elogiado Corrente do Mal (2014). O protagonista, vivido pelo Homem-Aranha Andrew Garfield, é um pretenso ator que fica obcecado pela bela vizinha (Riley Keough) pouco antes dela sumir misteriosamente.
Na jornada em busca da moça bonita, o rapaz conhece umas figuras bem estranhas e entra em umas paranoias inacreditáveis. Para alguns, talvez passe da conta, mas o roteiro não deixa de trilhar caminhos interessantes. Com destaque para o que acontece numa mansão, as situações são loucas e criativas num passeio pelos becos e porões de Los Angeles, tudo marcado por uma trilha bacana.
Uncle Frank (2020) – O diretor e roteirista Alan Ball (que escreveu Beleza Americana, 1999) realiza um filme sensível que consegue misturar vários assuntos sem ficar confuso ou sem foco. Começamos acompanhando uma garota, Beth (Sophia Lillis, dos dois It), que cresce tendo o tio Frank (Paul Bettany, o Visão da Marvel) como modelo de pessoa inteligente e sensata. Ao entrar na faculdade, eles passam a conviver mais e ela conhece um outro lado dele.
Mesmo sem ser o objetivo, o filme pinta um quadro rico sobre a vida no interior da Carolina do Sul, uma cidadezinha bem provinciana onde as pessoas tomam conta das vidas umas das outras. Com um ótimo elenco de apoio sem grandes nomes, Ball explora a dinâmica familiar dos Bledsoe desenvolvendo cada personagem de forma sucinta, mas suficiente. Rapidamente, nos envolvemos e torcemos por eles.
I’m Your Woman (2020) – Depois de mostrar seu talento na premiada série Marvelous Mrs. Maisel, Rachel Brosnahan partiu para o Cinema com esse drama criminal sobre uma dona de casa que todos os dias espera pelo marido à noite, sabendo que o sujeito é um criminoso. Num belo dia, ele não volta e o comparsa chega avisando que ela deve pegar o bebê e se esconder.
O filme faz um interessante retrato de uma esposa nos anos 70: não fazia perguntas, não sabia de nada. Só cuidava da casa e esperava, linda, o provedor chegar. Com uma boa dose de violência e um estilo cru, a diretora e roteirista Julia Hart faz uma obra ágil, bem amarrada e tensa. Destaque para Arinzé Kene e Marsha Stephanie Blake (de Olhos Que Condenam), que criam uma ótima química com a protagonista.
O Som do Silêncio (Sound of Metal, 2019) – Depois de ter destaque em séries e filmes, Riz Ahmed (de Venom, 2018) ganha uma grande oportunidade como protagonista e faz bonito. Ele vive um baterista de uma dupla de heavy metal, que ele faz com a esposa (Olivia Cooke, de Jogador Nº1, 2018), que repentinamente se descobre surdo. Tentando manter uma atitude positiva, ele logo se dá conta do tanto que sua vida vai mudar.
Com uma belíssima fotografia e planos elaborados, o filme conta com um desenho de som que nos remete às percepções do personagem enfrentando a surdez. A impressão que temos é a de que todos ali sabem bem do que tratam. E Paul Raci, o principal coadjuvante e mentor de Ahmed na história, é de fato filho de surdos. Além de trazer verdade para a obra, ele rouba cenas como um sujeito de qualidades e defeitos. E o diretor Darius Marder está apenas estreando na função!
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