Guy Ritchie nos apresenta aos Magnatas do Crime

Quem conhece os filmes de Guy Ritchie sabe bem o que esperar de Magnatas do Crime (The Gentlemen, 2019), longa que está disponível para aluguel no Now. O diretor convocou um elenco bem sortido para contar uma história cheia de tiros, drogas, socos e gente caindo das alturas. Violência não falta, e se alterna com cenas das quais rimos de nervoso. Nenhum dos personagens vale nada e ainda assim torcemos por alguns deles, os principais. Mérito de Ritchie e seu estilo rápido de montagem e diálogos.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, 1998) e Snatch: Porcos e Diamantes (2000) são os primeiros longas assinados por Ritchie. Os elementos que os compõem seguem de uma maneira parecida e o trio se fecha com Rock’n’Rolla (2008). Esses três, mais que os outros, podem ser tidos como a marca registrada do diretor. Magnatas retoma essa fórmula: um roteiro intrincado, assinado pelo próprio Ritchie, onde muita coisa é jogada para o público para, em algum momento, tudo se encaixar.

Encabeçando o elenco, temos Matthew McConaughey (de A Torre Negra, 2017) vivendo algo raro num filme do inglês Ritchie: um protagonista norte-americano. Michael Pearson foi à Inglaterra estudar e acabou aprendendo todos os passos da produção de maconha. Ao contrário dos rapazes de Selvagens (Savages, 2012), que tem uma premissa similar, ele montou um império das drogas e ocasionalmente empregava violência, quando era necessário se impor. Por uma série de fatores, Mickey decide que é hora de parar e vender tudo.

Repetindo alguns atores de trabalhos passados, Ritchie convoca vários de seus compatriotas para contar essa história. Charlie Hunnan (de Rei Arthur, 2017) e Hugh Grant (de O Agente da U.N.C.L.E., 2015) são figurinhas repetidas, e temos ainda Michelle Dockery (de Downton Abbey, 2019), Jeremy Strong (da série Succession), Colin Farrell (de Dumbo, 2019), Henry Golding (de Um Pequeno Favor, 2018) e Eddie Marsan (dos dois Sherlock Holmes de Ritchie). Todos estão muito bem, mas o charme de Grant rouba um pouco da atenção dos demais, e o roteiro permite a ele algumas brincadeiras, como uma referência a O Agente da UNCLE.

Além da trilha instrumental de Christopher Benstead, Magnatas traz várias músicas interessantes ao longo da sessão, fechando com a ótima That’s Entertainment, de The Jam. Este é outro ponto frequente na carreira do diretor. Apresentado para a Miramax originalmente como uma série de TV, o projeto acabou virando um filme e, agora sim, voltará às origens como série, ainda sem data para estrear. Ritchie tem outros dois trabalhos engatilhados, entre eles a sequência de seu Aladdin (2019). O sucesso comercial não é garantido, mas atualmente ele está numa onda boa.

Ritchie comanda McConaughey e Hunnan em cena do filme

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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