por Marcelo Seabra
Quando Crime Sem Saída começa, conhecemos o pequeno Andre, que perde o pai policial para a violência e caba seguindo na mesma profissão. Anos depois, ele é o Detetive Davis (Boseman), sendo investigado internamente por supostamente matar muitos suspeitos. Um assalto a um restaurante fará as atenções mudarem de foco. Oficiais são mortos, uma grande quantidade de drogas é roubada e Davis lidera as investigações.
Em outro lado da cidade, acompanhamos os dois ladrões (acima) tentando conduzir seus negócios. Taylor Kitsch (de Selvagens, 2012) vive o violento Ray, enquanto Michael (Stephan James, de Se a Rua Beale Falasse, 2018) é a parte mais inteligente e meticulosa da dupla. Os dois grupos tomam suas providências e a ilha de Manhattan tem suas 21 pontes impedidas, o que coloca um prazo para o sucesso da polícia. Além das ações que se sucedem, o passar das horas por si só ajuda a aumentar a tensão.
Liderando o elenco, Boseman domina bem a situação e passa segurança como um detetive de polícia. Além de Kitsch e James, temos em destaque J.K. Simmons (o Comissário Gordon da Liga da Justiça), bem equilibrado como um correto homem da lei com um leve desejo de vingança, e Sienna Miller (de Sniper Americano, 2014), uma agente que arrisca sua vida mesmo tendo uma filha esperando em casa. Esses e outros bons atores seguram uma ação praticamente ininterrupta, com boas reviravoltas, que não dá oportunidade para o sono vir.
Com Resgate, o resultado é um tanto irregular. A nova atração da Netflix nos apresenta a um mercenário amargurado (Hemsworth) bem clichê, daqueles que parecem não se importar com risco de morte. Ele pula de um penhasco para cair no mar, ele simplesmente não tem medo. Nessa rotina saída dos “macho movies” dos anos 80, ele é convocado para uma nova missão suicida. Do jeito que ele gosta. Ele e a turma devem ir a Bangladesh resgatar o filho do maior traficante da Índia, sequestrado pelo rival vizinho.
Claro que, chegando lá, eles vão encontrar um exército e voltar vivo não será fácil. Baseado na graphic novel Ciudad, o roteiro de Joe Russo não traz nenhuma novidade, nem uma mínima sacada que diferencie o longa de outras dúzias que são despejadas anualmente no mercado. Por entender que o personagem está no piloto automático, Hemsworth entra no mesmo modo, passando longe do carisma e da energia que vemos nos filmes da Marvel. A expressão do ator parece dizer “me tirem logo daqui”.
Vários momentos de Resgate lembram outros filmes, que já fizeram coisa parecida, de uma maneira bem mais interessante. Cortes rápidos e ritmo frenético tentam esconder a falta de conteúdo ou de lógica, bem ao estilo da escola Michael Bay de dirigir. Sam Hargrave faz sua estreia no comando de um longa e não empolga ninguém. Nem a participação do sempre simpático David Harbour (o novo Hellboy) evita que o público adormeça.
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