por Lívia Assis
Com uma montagem ágil e não cansativa, a diretora e corroteirista Margarethe von Trotta (com Pamela Katz) mostra no filme a fase mais estável da vida da filósofa judia (interpretada por Barbara Sukowa, atualmente vista em Hunters). Ela e seu marido, Heinrich Blücher (Axel Milberg, de O Quinto Poder, 2013), se fixam em Nova York, exilados no período da Segunda Guerra. Por meio de uma boa fotografia, ainda que não haja uma trilha sonora para pontuar alguns momentos do filme, o trabalho de Trotta prende o espectador na jornada de Arendt.
Ao invés de abraçar a trajetória de toda uma vida, o filme enfoca um período específico e fundamental para a vida pessoal e acadêmica da filósofa: a sua participação no julgamento de Adolf Eichmann. Ele era tenente-coronel da SS da Alemanha nazista, um dos responsáveis pelo extermínio em massa dos judeus – também conhecido como Holocausto.
As cenas da participação de Hannah no julgamento são mescladas com imagens reais do processo, que ocorreu na cidade de Jerusalém em abril de 1961, tornando o drama ainda mais interessante do ponto de vista histórico e biográfico. Além disso, a narrativa fornece insights sobre o passado da filósofa, visando auxiliar na compreensão da sua postura no julgamento de Eichmann. Entendemos, por exemplo, a presença do também filósofo Martin Heidegger em sua vida.
Indicado para quem procura um filme cuja temática fuja da mesmice de simplesmente colocar os nazistas como vilões e os judeus como vítimas, o drama promove uma reflexão sobre a natureza humana, bem como sobre as motivações, influências e carreira de uma das figuras mais importantes da teoria política. Hannah Arendt procura, antes de qualquer coisa, polemizar a banalidade do mal e o colapso moral preponderante no nazismo.
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