por Marcelo Seabra

Nós (Us, 2019)

Muito elogiado por Corra (Get Out, 2017), Jordan Peele criou outro longa de suspense bem elaborado. Sem a carga de crítica ao racismo do anterior, Nós parte logo para a tensão. Uma família vai passar as usuais férias na praia quando descobre que pessoas idênticas a eles vão atrapalhar os planos de tranquilidade. Ao elenco, liderado por Lupita Nyong’o, cabe a difícil missão de interpretar duas versões do mesmo personagem. Mais complicado é comprar a ideia, bem sem pé nem cabeça. Entrando na brincadeira, dá para roer todas as unhas da mão.

Os 3 Infernais (3 From Hell, 2019)

Depois de A Casa dos 1000 Corpos e Rejeitados Pelo Diabo, Rob Zombie havia seguido com a vida e outros projetos. Quase 15 anos depois, o sujeito volta ao clã Firefly para nos contar o que houve com seus personagens dementes. As chances de quem gostou antes gostar agora são grandes, mesmo que este Os 3 Infernais não chegue a lugar nenhum. Um road movie que reencena Horas de Desespero e, em meio a tiros e mortes, nos leva a um final esperado e morno.

Esquadrão 6 (6 Underground, 2019)

As redes sociais ficaram em polvorosa com a estreia na Netflix do novo filme do diretor Michael Bay e a pergunta que fica é: por que? Ele até consegue entregar obras razoáveis, mas a tentação de usar um roteiro ridículo e cortes de cinco segundos é maior. Esquadrão 6 começa sem nexo e, aos 10 minutos de exibição, o espectador já está enjoado e cansado. Chegar ao final é um exercício de paciência que nem o elenco interessante atenua. Ryan Reynolds não acerta um tom para seguir, os demais atores parecem meio perdidos e ninguém acredita nos diálogos que dizem. Mal dá para acreditar que Bay queimou 150 milhões de dólares para isso.

American Son (2019)

Outra bola fora da Netflix, diretamente da Broadway, American Son é mais um trabalho do diretor Kenny Leon a trazer questões relacionadas a racismo. Aqui, Leon prova dois pontos: não se pode acertar sempre; e é possível tratar de um assunto muito sério e errar o alvo. O que começa com uma proposta interessante de discutir as dificuldades de jovens negros na sociedade logo descamba para uma eterna e improvável DR. Além disso, a história vai trazendo elementos novos que desviam os rumos que haviam sido propostos do início. Fica a impressão de que os envolvidos queriam ampliar a discussão e acabaram se perdendo.

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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