Franquia Brinquedo Assassino começa de novo

por Marcelo Seabra

Depois de sete longas e alguns curtas, chegou a hora de reiniciar a franquia do boneco Chucky. O novo Brinquedo Assassino (Child’s Play, 2019) nos apresenta novamente ao garoto que ganha um boneco psicótico, mas a premissa foi bem alterada. Sai o ritual de bruxaria que transfere uma alma ao brinquedo e entra uma crítica à tecnologia. O novo Chucky é apenas um avanço tecnológico mal programado.

No filme de 1988, tínhamos um ladrão sendo encurralado pela polícia. À beira da morte, Charles Lee Ray passou sua alma a um boneco e continuou sua carreira criminosa – sempre com a voz marcante de Brad Dourif. Como a ideia aqui era começar de novo, Dourif não foi envolvido, e ficou de fora também o criador da série, Don Mancini. O novato Tyler Burton Smith assina o roteiro e o norueguês Lars Klevberg (de Morte Instantânea, 2019) assume a cadeira de diretor.

Para fazer a voz de Chucky, substituindo Dourif, teria que ser escalado alguém igualmente memorável. Missão cumprida: o papel ficou com o eterno Luke Skywalker Mark Hamill, que também tem larga experiência como dublador. Gabriel Bateman (de Quando as Luzes Se Apagam, 2016) é o novo Andy Barclay, o garoto que ganha da mãe (Aubrey Plaza, de Legion) o brinquedo que se torna seu melhor e único amigo. Buddi tem vários recursos interessantes e controla todos os demais mecanismos da empresa Kaslan, o que o torna útil, porém perigoso.

O onipresente Brian Tyree Henry (de As Viúvas, 2018) aparece como o vizinho policial de Andy e temos ainda Tim Matheson (de The Affair) numa participação rápida, vivendo o milionário Henry Kaslan, garoto-propaganda de seu império. Um elenco correto com uma história absurda, uma mistura de Christine, o carro assassino de Stephen King, com Blade Runner. Claro que o conceito sempre exigirá que o público entre na brincadeira, mas ficava melhor amarrado quando sabíamos se tratar de um maníaco no corpo de plástico.

Filmes sobre os perigos da tecnologia existem aos montes, esse é apenas mais um. E dos mais exagerados. Mas, numa época em que a boneca Annabelle leva um bom número de espectadores aos cinemas, é uma boa oportunidade para apresentar Chucky às novas gerações – apenas dois anos depois do último filme do personagem. Pode ser o começo de uma nova franquia, secando uma premissa já explorada à exaustão. O que importa é trazer dinheiro aos bolsos dos envolvidos.

O longa de 88 permanece imbatível

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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