Aladdin é o novo live action da Disney

por Marcelo Seabra

A velocidade das adaptações live action de desenhos da Disney tem aumentado drasticamente. Poucos meses depois da estreia de Dumbo (2019) e antes do novo Rei Leão, chega aos cinemas Aladdin (2019), veículo para Will Smith fazer o que mais gosta: aparecer. Felizmente, o ego do astro está mais controlado e temos uma aventura bem correta, que faz bom uso dos efeitos especiais para contar uma história que, antes de mais nada, é sobre amizade.

A escolha de um egípcio para o papel principal mostra a intenção do estúdio de fazer a coisa certa. Com alguém da grandeza de Smith para chamar público, tiveram liberdade para escolher alguém pouco conhecido para viver Aladdin. Com papéis importantes na televisão, como nas séries Jack Ryan e Open Heart, Mena Massoud vem ganhando atenção e teve aqui sua maior oportunidade até agora. Fazendo bem a transição entre os momentos mais dramáticos e engraçados, com uma boa dose de ação, o ator cumpre sua tarefa a contento, como o ladrão de bom coração que se apaixona sem saber que a garota é a filha do sultão.

Com uma importância bem maior do que ser apenas a mocinha em perigo, a princesa Jasmine se mostra uma mulher forte que sabe que daria conta de substituir o pai quando chegasse a hora. A inglesa de ascendência indiana Naomi Scott (de Os 33, 2015) foi outra boa escolha, e não a toa é uma das agentes de Charlie na nova versão das Panteras. Fechando o quarteto principal, temos o holandês Marwan Kenzari (de Assassinato no Expresso Oriente, 2017) como o vilão Jafar, o conselheiro do sultão que tem sede de poder.

De forma geral, a história de Aladdin não traz novidades, tudo o que vemos é o esperado. Mas o roteiro de John August (de Sombras da Noite, 2012) e Guy Ritchie (de Rei Arthur, 2017) guarda algumas surpresas interessantes que enriquecem o material, como a força que Jasmine demonstra ter. Como diretor, Ritchie traz seus maneirismos, como as cenas desaceleradas que usou na franquia de Sherlock Holmes e em O Agente da U.N.C.L.E. (The Man From U.N.C.L.E., 2015), mas não chega a incomodar. Os cenários suntuosos, cheios de cores e detalhes, enchem os olhos. Parece que estamos em um parque da Disney, enquanto Aladdin corre pelas ruas de Agrabah.

No quesito música, tão forte nos desenhos da Disney, o live action não mostra personalidade. As mesmas canções do original, de 1992, com poucas diferenças. Massoud e Scott fazem suas partes, mas criam momentos desinteressantes, deixando os holofotes para Smith. Com um Gênio que parece a versão mais velha e azul do Fresh Prince, o ator/cantor cria os números mais relevantes, fugindo da sombra do grande trabalho que Robin Williams fez antes. E umas danças estilo Bollywood fecham o show.

Quando não está azul, o Gênio funciona melhor

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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