por Arthur Abu
Não é sobre sexo, drogas e rock ‘n’ roll. É sobre muito sexo, abuso de drogas e rock ‘n’ roll do início ao fim. The Dirt (2019), nova produção original da Netflix, estreou recentemente no catálogo. A cinebiografia não é necessariamente uma homenagem ao Mötley Crüe, mas uma confissão relevante de seus quatros membros sobre a história da banda, incluindo vários episódios controversos.
Dois minutos é o suficiente para meros curiosos mudarem de canal e se desculparem com a família (como se tivessem caído no infame gemidão do WhatsApp) ou se empolgarem ao se darem conta de que essa não é uma cinebiografia chapa branca estilo Bohemian Rhapsody (2018), apesar de que comparações serão inevitáveis.
Nikki Sixx (Douglas Booth, de Mary Shelley, 2017), Tommy Lee (Colson Baker, de Bird Box, 2018) Mick Mars (Iwan Rheon, de Game of Thrones) e Vince Neil (Daniel Webber, de O Justiceiro) são quatro rebeldes sem causas ou calças que se juntam para formar uma banda de rock que atinge o sucesso quase instantaneamente. O quarteto tem personalidades tão marcantes que elas chegam a ser caricatas. Logo na introdução, fica claro que veremos em cada um os distintos excessos da vida de um rockstar.
Cada um dos personagens poderia ser a estrela de sua própria história e, por isso, temos um filme sobre uma banda, e não sobre destaques individuais. O elenco jovem e sem rostos muito conhecidos (exceção para Rheon, de Game of Thrones) deixa a caracterização mais natural. Decepcionante é ver praticamente todas as mulheres retratadas como “groupies”, até os relacionamentos mais significativos são superficiais. Fazem parte também do elenco Kathryn Morris (de Fica Comigo, 2017), como a mãe de Sixx, Rebekah Graf faz a famosa atriz Heather Locklear e David Costabile (de The Post, 2017), que vive Doc McGhee, o empresário da banda.
Jeff Tremaine faz sua estreia na direção de uma obra ficcional. Apesar de novato nesse segmento, sua experiência com as bizarrices de Jackass o tornaram a pessoa ideal para levar às telas uma história que não vai jogar a poeira para debaixo do tapete. Fica clara a lição aprendida com Bohemian: eventos e datas da vida real modificados para darem mais dramaticidade à obra irritam não apenas os fãs de carteirinha. E o diretor tem conhecimento de causa, já que produziu também o documentário Mötley Crüe: The End (2016).
Quebras na quarta parede tentam tranquilizar o espectador quanto à veracidade da história, mas ao mesmo tempo são saídas um pouco preguiçosas. Ver outras lendas do rock inseridas na trama, alguns até mais loucos que o próprio Crüe, é um dos pontos positivos. Acertada também foi a decisão de distribuição pela Netflix, e não pela Paramount, que queria lançar um filme mais limpo e apropriado para audiências em geral. Se fosse esse o rumo tomado, provavelmente o filme passaria despercebido em meio a produções musicais mais relevantes.
O foco aqui é a viagem, e não o destino. Incluindo vários sucessos, como Kickstar My Heart e Home Sweet Home e ainda três novas canções feitas para o filme, The Dirt é um presente para os fãs da banda. Para aqueles não tão familiarizados, talvez o sentimento seja o mesmo que senti ao ver o show deles no Rock in Rio 2015 (sem conhecê-los bem): é um espetáculo divertido. Não vai emocionar, mas talvez convença a ler um pouco mais sobre os caras ou adicionar uma música ou outra nas playlists mais agitadas. Afinal, o próprio diretor admitiu que gostava da banda, mas que não era um super fã.
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"Decepcionante é ver praticamente todas as mulheres retratadas como “groupies”
Mas é isso que a maioria era nos anos 80, fazer o que