por Marcelo Seabra
Você chega ao cinema esperando ver um filme de guerra. Começa tudo de forma tradicional, ainda que muito bem feito. Cenas realistas, você fica até com vertigem enquanto nossos heróis são atacados e acabam pulando do avião. Fica aquela sensação de O Resgate do Soldado Ryan (1998), com a violência da guerra ganhando contornos palpáveis, o sangue quase espirrando da tela. De repente, as coisas começam a tomar outro rumo e Operação Overlord (Overlord, 2018) mostra a que realmente veio.
Os eventos que precederam o famoso Dia D, também conhecidos como Operação Netuno ou o desembarque na Normandia, envolviam cortar as formas de comunicação dos nazistas, impedindo que eles se reorganizassem ou chamassem reforço. A Operação Overlord foi essencial para o sucesso da empreitada dos Aliados. Mas, para todos os efeitos, tratou-se apenas de um esforço de guerra normal, com tiros e explosões definindo quem seriam os vencedores.
O longa, já em exibição nos cinemas, leva essa passagem histórica em outra direção, acrescentando camadas que nunca imaginaríamos. Para não estragar nenhuma surpresa, pode-se dizer apenas que o horror da guerra nunca foi tão terrível. Temos um elenco bem equilibrado de quase desconhecidos, sendo o principal nome o sargento vivido por Bokeem Woodbine (de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, 2017). Conhecido dos fãs de The Leftovers, Jovan Adepo é o cadete novato que nos conduz pela história, quase como o Chris de Platoon (1986).
Depois de saltar do avião, Boyce (Adepo) busca se reencontrar com seu pelotão para poderem levar a missão adiante: derrubar uma torre de comunicação nazista. O especialista em explosivos Ford (Wyatt Russell, de Shimmer Lake, 2017) é o responsável pela execução do plano e um trio de outros soldados os acompanham. É interessante perceber como o roteiro (de Billy Ray, de Capitão Phillips, 2013, e Mark L. Smith, de O Regresso, 2015) trata os personagens de maneira equilibrada, com tempo de cena e importância bem divididos entre eles. Logo, passamos a nos importar com todos eles, mesmo sabendo pouco do histórico de cada.
A imagem calculada de filme B pode ser responsabilidade do produtor, um certo J.J. Abrams, que já fez o mesmo em outras oportunidades (como no ótimo Super 8, 2011). Se bem utilizado, o dinheiro do orçamento, nada menos que US$38 milhões, pode passar a imagem de algo mais barato, mas muito bem cuidado. Essa é a definição perfeita para Operação Overlord: um filme B bem feito e divertido. Ponto para o diretor Julius Avery, que até então só tinha Sangue Jovem (Son of a Gun, 2014) no currículo. A arrecadação está na casa dos US20 milhões. Vamos torcer para que se pague, e Avery tenha novas oportunidades de se destacar.
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