por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Antes de começar esta resenha, fica aqui um aviso: este texto contém spoilers relacionados à primeira temporada de Os Defensores. Caso você não tenha assistido à série e prefira manter as surpresas, pare a leitura por aqui.
A última cena da primeira temporada de Os Defensores encheu os fãs dos quadrinhos do Demolidor de esperança. Afinal, ela fazia referência à Queda de Murdock (Daredevil: Born Again, 1986), a mais importante e clássica história do personagem. Dados todos os limites envolvendo direitos autorais e escolhas dos roteiristas e produtores não só da série do Demolidor como, principalmente, de Jessica Jones, uma adaptação fiel da história jamais seria possível. Ainda mais quando levamos em conta a situação dramática dos principais coadjuvantes do Demolidor (especialmente Karen Page, Franklin “Foggy” Nelson e Wilson Fisk). Mesmo assim, A Queda de Murdock, sem sombras de dúvidas, serviu de base para a nova temporada da série do personagem.
Quando a terceira temporada de Demolidor começa, os personagens ainda estão lidando com as consequências dos eventos em Midland Circle. Foggy Nelson (Elden Henson) aceitou a suposta morte de seu amigo Matt Murdock (Charlie Cox) e continua seu trabalho em um conceituado escritório de advocacia e a relação amorosa com a advogada Marci (Amy Ruthberg). Já Karen Page (Deborah Ann Woll) acredita que Matt, de alguma forma, sobreviveu à queda do prédio e continua pagando as contas do apartamento do amigo. Enquanto isso, Matt Murdock passou os últimos meses na igreja onde fora abrigado no final de Defensores, se recuperando dos ferimentos sem dar notícias a seus amigos. Finalmente, temos Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio – abaixo), que continua cumprindo pena pelos crimes pelos quais fora condenado ao final da segunda temporada de Demolidor.
Permanecer preso não é bem um dos planos de Fisk. Depois de meses se recusando a fazê-lo, ele propõe uma espécie de delação premiada ao FBI. Em troca de prisão domiciliar e alguns outros benefícios, ele delataria os principais criminosos de Nova York, o que economizaria anos de trabalho ao Bureau. E o acordo, intermediado pelo agente Ray Nadeem (Jay Ali, de The Fosters), acaba saindo.
Quando Fisk está sendo transportado do presídio para seu local de prisão, o comboio do FBI é atacado e restam apena três sobreviventes: Fisk, Nadeem e Ben “Dex” Poindexter (Wilson Bethel, de How to Get Away With Murder), um nome muito conhecido dos fãs dos quadrinhos que, a partir daqui, já começam a imaginar como este personagem, fundamental na mitologia do Demônio, seria retrabalhado na telinha.
Livre da prisão, mas detido em uma luxuosa suíte em um dos mais reservados hotéis de Nova York, Wilson Fisk coloca seus planos em prática. Seu objetivo é claro, ainda que ele manipule o FBI de tal forma que os membros do Bureau sequer desconfiem: Fisk pretende reconstruir seu império criminoso, fazendo jus ao seu apelido de Rei do Crime. Paralelamente, ele tem o objetivo destruir tanto Matt Murdock quanto o Demolidor.
A terceira temporada de Demolidor é, basicamente, uma luta entre Matt Murdock e seus fiéis escudeiros contra Wilson Fisk. Digo basicamente porque é bem mais do que isso. Para derrotar Fisk, Matt precisa se recuperar não só fisicamente, mas, principalmente, espiritualmente, dos eventos mostrados tanto na série dos Defensores quanto nas temporadas anteriores de sua própria série. Nessa recuperação, lenta principalmente na parte espiritual, ele contará não só com o apoio de Foggy e Karen, mas também da Irmã Maggie (Joanne Whalley, de The Borgias – acima), outra personagem que também tem um papel significativo em A Queda de Murdock e que foi muito bem adaptada para a telinha.
Tecnicamente falando, a terceira temporada de Demolidor mantém a qualidade das anteriores. Tanto os atores que repetem seus personagens quanto os novatos estão bem em seus papéis, com o grande destaque para o Wilson Fisk de D’Onofrio. Hoje pode-se dizer sem dúvidas que ele está para o Rei do Crime como Robert Downey Jr. está para Tony Stark/Homem de Ferro. D’Onofrio tem o porte, a presença, o ritmo de fala e até mesmo a entonação ideais para encarnar a maior nêmesis do Demolidor. Será difícil arrumar outro ator para encarnar o personagem no futuro.
É claro que Demolidor tem seus defeitos, pequenos furos de roteiro e situações previsíveis, como interromper a história principal e dedicar boa parte do episódio seguinte a uma trama para humanizar mais este ou aquele personagem antes de retomar o fio da meada. Isso, no entanto, não afeta em absolutamente nada a qualidade da série, ainda mais quando ela não só é fortemente embasada no mais cultuado arco de histórias da personagem, como também faz referência a outras, especialmente Diabo da Guarda, minissérie escrita por Kevin Smith no final do século passado.
Com os treze episódios usuais, a terceira temporada de Demolidor tem tudo para agradar não só os fãs dos quadrinhos do personagem, quanto aqueles que o descobriram graças à Netflix. E, como a Disney está em vias de inaugurar seu próprio serviço de streaming, não duvido nada que esta seja a última temporada do Demônio de Hell’s Kitchen na Netflix. Se assim for (e os cancelamentos recentes de Punho de Ferro e Luke Cage indicam que sim), não poderia haver uma despedida melhor.
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