Quarta temporada consagra Better Call Saul

por Kael Ladislau

Quando Felina, o último episódio de Breaking Bad, dava ponto final na saga de Walter White e Jesse Pinkman, em 2013, os fãs mal podiam esperar que Vince Gilligan preparava uma série toda sobre o espalhafatoso advogado Saul Goodman. Lançada em 2015 pela mesma AMC e distribuída pela Netflix no Brasil, Better Call Saul conta a história de Jimmy McGill, um advogado de fundo de quintal (na verdade, fundo de salão) que luta para se destacar e ser um profissional da justiça renomado como o irmão, Chuck. O prequel surgiu sob o temor de apenas pegar carona do sucesso da série-mãe, mas a quarta temporada – finalizada em outubro – mostrou, definitivamente, que saga tem vida própria.

A história conta como o personagem vivido por Bob Odenkirk (de The Post, 2017) se transforma no salafrário advogado visto em Breaking Bad. Ao lado dele, e roubando a cena, temos uma ótima Rhea Seehorn (de séries como House of Life e Family Guy) como Kim Wexler, uma advogada correta e parceira amorosa do protagonista. Chuck, vivido por Michael McKean (de Tudo Pode Dar Certo, 2009) é o irmão mais velho de Jimmy e divide momentos de afeto e ódio com o caçula.

A série se passa seis anos antes dos eventos de Breaking Bad e, além de contar a história de Saul Goodman, ainda nos faz presenciar como o bando dos Salamanca bate de frente com o poderoso Gus Fring, sempre interpretado por Giancarlo Esposito (de Okja, 2017). É nesse contexto que vemos o frio Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks, de Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi, 2018) roubar a cena em dados momentos da segunda e terceira temporadas. Mas nada que tire o brilhantismo de Odenkirk e Seehorn, em atuações (sobretudo na quarta temporada) primorosas.

A série revive não só personagens, mas cenários de Albuquerque já vistos na série-mãe. A ótima fotografia e as escolhas de tomadas de câmera fazem com que a série não só alcance, mas ultrapasse Breaking Bad em alguns momentos. Aliado a isso, temos a ótima trilha e seleção musical de David Potter, o mesmo da série de origem. Tudo isso para fazer um caminho que sabemos onde vai dar, mas é como isso acontece que é a grande sacada. Fica a curiosidade de como acabarão personagens que só conhecemos aqui, como Chuck, Kim e Nacho Varga, um traficante interpretado por Michel Mando (de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, 2017).

Better Call Saul vai crescendo ao longo de suas quatro temporadas e mostra força para a quinta, já confirmada para o ano que vem. É preciso apontar que, vez ou outra, o expectador que procura algo de Breaking Bad pode não se sentir saciado por cenas que remetem à série original, sobretudo naqueles episódios que contam mais sobre o passado de determinado personagem. Mas, ao seu modo, Better Call Saul ganhou forma e agora segue com pernas próprias o sucesso que tem conquistado com os fãs. Todos nós sabemos (sabemos mesmo?) como vai terminar a saga de Jimmy e Mike, mas é como eles chegam lá que faz toda a diferença.

Odenkirk e Seehorn são os destaques da série

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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