Boas atrizes se envolvem em Um Pequeno Favor

por Marcelo Seabra

Duas mulheres completamente diferentes têm os filhos na mesma escola e esse é o único laço entre elas. Uma amizade surge e, em pouco tempo, elas ficam bem próximas. Ao ponto de uma levar para casa o filho da outra, quando há um compromisso de trabalho que a impede de ir. Esse é o ponto de partida para Um Pequeno Favor (A Simple Favor, 2018), nova mistura de suspense e comédia policial em cartaz nos cinemas.

Com um currículo bem fraco, de Missão Madrinha de Casamento (2011) a Caça-Fantasmas (2016), passando por As Bem-Armadas (2013) e A Espiã Que Sabia de Menos (2015), o diretor Paul Feig conseguiu acertar a mão e teve um resultado bem acima dos trabalhos anteriores. O estilo espertinho continua lá, com uma trilha descolada – com clássicos franceses sessentistas – e passagens de cenas elaboradas, além do humor autodepreciativo das protagonistas, com diálogos rápidos e ácidos.

Nos papéis principais, temos atrizes bem escolhidas, que cumprem bem seus estereótipos. Anna Kendrick (de O Contador, 2016) é a viúva prendada que cuida irritantemente de seu filho e deixa todas as demais mães se sentindo culpadas por não se dedicarem tanto. Por isso, inclusive, é alvo de comentários maliciosos. Já Blake Lively (de Águas Rasas, 2016) é a executiva muito importante e ocupada que parece tratar o filho como parte do trabalho.

O poder do roteiro de explicar sem didatismo é interessante. Baseado no livro de Darcey Bell, o texto de Jessica Sharzer (de American Horror Story) estabelece de cara que Stephanie grava vídeos com dicas variadas para outras mães e está muito preocupada com a amiga, Emily, que desapareceu após uma reunião que se estendeu. À parte da polícia, Stephanie começa a conduzir sua própria investigação, interrogando do marido (Henry Golding, do novo Podres de Ricos) ao chefe (Rupert Friend, de Hitman, 2015) de Emily.

Além dos recursos citados, a montagem ágil também ajuda a tornar a sessão de Um Pequeno Favor agradável, parecendo ter menos que suas quase duas horas de duração. As reviravoltas podem não ser tão inesperadas para quem prestar um pouquinho de atenção, mas não deixam de ser curiosas. Ninguém é exatamente o que parece, todos têm segredos. Pode parecer clichê, e é. Mas, bem utilizado, dá certo.

O diretor apresenta o trio principal

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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