Efeito Fallout é a sexta Missão Impossível de Cruise

por Marcelo Seabra

Pela sexta vez, o agente Ethan Hunt arrisca sua vida pelo bem maior. Missão: Impossível – Efeito Fallout (Mission: Impossible: Fallout, 2018) traz a equipe da IMF tentando consertar um furo que deram em uma missão que pode ter consequências catastróficas. Tudo o que aprendemos a esperar da franquia está lá, mostrando que o diretor e roteirista Christopher McQuarrie, já em sua segunda aventura nesse universo, entendeu bem qual era o trabalho.

McQuarrie vem de uma série de colaborações com o astro Tom Cruise, incluindo aí o elogiado Nação Secreta (Rogue Nation, 2015), o episódio passado da série. Mais uma vez eles marcam um gol em termos de bilheterias: já temos aqui a maior abertura da franquia ou de um filme de Cruise no Brasil. Em termos de história e de resultado, de uma forma geral, pode-se garantir que os fãs ficarão bem satisfeitos. Se não chega a acrescentar nada muito original, diverte bastante, elevando as situações conhecidas a uma potência louca.

Os filmes da série geralmente escolhem um enfoque para seu protagonista: seria ele uma máquina de espionagem e execução ou um ser humano dotado de sentimentos e dúvidas? Em Fallout, temos um equilíbrio entre esses lados. Elementos do passado de Hunt vêm à tona, e nem por isso a ação diminui. Há excessos, claro, mas nada que já não esperássemos. Cenas bonitas, com paisagens vertiginosas, e Cruise correndo riscos calculados em lugares perigosos. Os efeitos práticos, sem computação gráfica, fazem a diferença.

Não repetindo um erro observado no terceiro filme da franquia, este reutiliza um vilão recente, tamanho foi o interesse que ele levantou. Sean Harris volta para o desenrolar da história de Solomon Lane, o líder de uma organização criminosa capaz de abalar as estruturas dos mocinhos. Simon Pegg, Ving Rhames e Alec Baldwin formam o time de Cruise, e Rebecca Ferguson novamente tem um papel ambíguo, mesmo que sua natureza já tenha sido explicada.

Entre as novidades, a maior (literalmente) é o Superman Henry Cavill, novamente vivendo um agente secreto (como em O Agente da UNCLE, 2015). Ele é incumbido de acompanhar Hunt para garantir que tudo corra como o esperado. É provavelmente sua melhor interpretação até hoje. Vanessa Kirby (de The Crown) chega acenando a outro personagem da franquia, de quem os mais atentos vão se lembrar. E Angela Bassett (de Pantera Negra, 2018) fica com a vaga de burocrata da vez, uma figura sombria que parece ter sua própria agenda.

Com quase duas horas e meia de duração, Efeito Fallout (um título nacional meio sem noção) mistura subtramas e parece ir numa direção quando, repentinamente, dá uma guinada. Dentre as seis aventuras, ficaria bem colocada em termos de qualidade. Como McQuarrie já sinalizou que pretende voltar a projetos menores, resta saber o que Cruise pretende para a franquia. Descobrir o que aconteceu com o personagem de Jeremy Renner, que some depois de dois filmes, também seria interessante. A certeza é de que ainda teremos mais histórias de Hunt no Cinema e que ouviremos o tema imortal de Lalo Schifrin várias vezes, em diversas versões.

O diretor posa com seus astros em Paris

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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