Adaptações de livros são lançadas aos montes. De videogames, jogos de tabuleiro, músicas… São vários os tipos. Agora, levar às telas um programa de casais de uma sexta à noite não é tão comum. É isso que vemos em A Noite do Jogo (Game Night, 2018), longa que parte de uma tradição tão comum para montar um cenário de suspense cômico. Uma inocente e corriqueira noite de jogos se transforma num jogo de gato e rato de consequências reais. Só não tem muita graça.
Se levarmos em consideração que o roteiro foi escrito pela mesma dupla de Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, 2011) e Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-man: Homecoming, 2017), dá para criar expectativas. Mas John Francis Daley e Jonathan Goldstein também assinam a sequência de Quero Matar Meu Chefe e o recente Férias Frustradas (Vacation, 2015), o que prova que o trabalho deles é extremamente irregular. São capazes de comédias bem divertidas, mas também de outras sem a menor graça, daquelas que você passa uma hora e meia esperando para rir.
Outra figurinha fácil em comédias é Jason Bateman. Mas ele vem do fraquíssimo A Última Ressaca do Ano (Office Christmas Party, 2016), além de várias outras colaborações duvidosas com atrizes requisitadas de Hollywood. A bola da vez é Rachel McAdams (de Spotlight, 2015), que vive a outra metade do casal. Um mérito do longa é estabelecer quem são as pessoas que vamos acompanhar pela noite: os dois eram jogadores de bares extremamente competitivos que acabam se apaixonando, e assim passam a ser do mesmo time.
Numa bela noite, como outra qualquer, o irmão do protagonista (vivido por Kyle Chandler, de Manchester à Beira-Mar, 2016) promete um jogo diferente, com mais emoção. Logo, ele é sequestrado e as atividades pegam fogo. Mas tem algo estranho, que extrapola o combinado. Um pouco como um Vidas em Jogo (The Game, 1997) engraçadinho. Os demais personagens têm contribuições interessantes à trama, mas nada muito memorável. Algumas referências bacanas ao mundo da cultura pop aparecem, mas são enfraquecidas pelo excesso de explicação.
Depois de um início promissor, apresentando o cenário ao som de Don’t Stop Me Now, do Queen, entramos num piloto automático cansativo, de uns trinta minutos enfadonhos. Depois, as coisas voltam aos trilhos, mas o dano já foi feito. E custa a acontecer algo minimamente emocionante, fazendo o público se arrastar até o final. Algumas reviravoltas e participações especiais podem até levantar interesse, mas não é o suficiente. Daley e Goldstein, como diretores e como roteiristas, continuam devendo uma produção boa, para garantir que haja atenção no que eles vierem a fazer no futuro.
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