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O verdadeiro desafio é assistir até o final

por Marcelo Seabra

Quando se tem um filme da magnitude de um Vingadores ocupando praticamente metade das salas de cinema, sobram poucas opções para assistir. Ainda mais para alguém que está em dia com os lançamentos. Esse é um motivo que levaria alguém a conferir Verdade ou Desafio (Truth or Dare, 2018), longa que em pleno 2018 usa uma ideia que lá nos anos 90 já teria sido batida e estúpida.

Filmes de terror que usam a brincadeira do título não são novidade. Existe um, inclusive, do ano passado. Temos, então, um ator e roteirista da televisão que criou uma história e chamou alguma atenção importante. Michael Reisz, então, se juntou a outros três (incluindo aí o diretor do longa, Jeff Wadlow) para escreverem o roteiro. Quatro pessoas entregarem essa porcaria parece algo impensável. Mas é óbvio, já que cada um dá o seu palpite e muda o rumo das coisas, que seguem desgovernadas. Não é uma regra geral, mas se aplica aqui.

Na trama, temos uma turma de universitários passando seu “último” feriadão (a famosa spring break) no México. Cada estudante é um estereótipo, sendo a protagonista a santa que só quer ajudar o próximo. A amiga dela é a loira vagabunda e assim por diante, exigindo o mínimo da inteligência do espectador – e muito da paciência. Um desconhecido propõe que todos se dirijam a uma igreja em ruínas, num lugar longe, de madrugada, para jogar Verdade ou Desafio. Ótima ideia, não?

Logo, os amiguinhos começam a morrer, e você já sabe exatamente a ordem das mortes pela personalidade de cada. Os babacas seguem na frente. E é impressionante o tanto que eles se sensibilizam a cada morte! Praticamente nada. À medida em que o filme avança, segredos vão sendo descobertos e os diálogos ficam mais expositivos, cansando de forma didática o espectador. As situações são previsíveis e dificilmente criam tensão ou sustos genuínos.

O elenco de Verdade ou Desafio não traz nenhum membro memorável, e é até complicado cobrar alguma coisa com um roteiro tão rasteiro. O diretor, Jeff Wadlow, já havia deixado na mão os fãs de um bom suspense com Cry Wolf (2005), além de ter cometido Kick Ass 2 (2013) e A História Real de Um Assassino Falso (True Memoirs of an International Assassin, 2016). Por isso, se você quer sentir um arrepio na espinha, te desafio a continuar procurando.

Todos bonitinhos e estereotipados

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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