por Marcelo Seabra
Responsável pelos ótimos Na Mira do Chefe (In Bruges, 2008) e Sete Psicopatas e Um Shih Tzu (Seven Psychopats, 2012), além de ter levado um Oscar pelo curta Six Shooter (2004), Martin McDonagh se tornou um diretor e roteirista a se acompanhar. E seu novo trabalho foi mais longe em termos de público. Três Anúncios Para Um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, 2017) vem chamando a atenção pela direção segura, roteiro criativo e atuações impecáveis de seu trio principal, e já passou da marca dos 100 milhões de dólares arrecadados.
Um dos escritores vivos mais aclamados na Irlanda, o inglês McDonagh se divide entre o Cinema e o teatro, mas diz preferir o primeiro. Seu novo longa se afasta de seu cenário habitual, a Irlanda, e nos leva ao interior dos Estados Unidos, onde uma mãe que teve a filha estuprada e morta cobra das autoridades algum avanço na investigação. A polícia local não tem nada, mesmo se esforçando. Mildred decide então colocar três anúncios seguidos numa estrada deserta cobrando o chefe de polícia, Bill Willoughby, e começa uma guerra.
Compreensivamente mau humorada, Mildred se mostra irredutível em suas investidas contra a polícia. E só ajuda ter uma intérprete do peso de Frances McDormand, que deve levar um merecido segundo Oscar como Melhor Atriz (depois um por Fargo, de 1996). Ela diz muito com o olhar e é mais durona que boa parte da cidade. Woody Harrelson (de Planeta dos Macacos: A Guerra, 2017) é o chefe Willoughby, um sujeito querido na cidade que é diretamente atacado pelos outdoors. É interessante ver como Harrelson vai facilmente do seu tipo mais freqüente, o psicótico, para o bonzinho e responsável, fazendo todos com muita competência.
Mais do que Harrelson, quem bate de frente com McDormand é Sam Rockwell, merecedor de prêmios há tempos. Apesar de pegar uns projetos meia boca, ele já acertou muito (como em À Espera de Um Milagre, Confissões de uma Mente Perigosa ou Lunar), e aqui está em ótima forma. Dixon, um dos policiais da cidade, é pior do que muitos criminosos por aí, ao mesmo tempo em que tem uma mente quase infantil, dominado pela mãe. Ele é provavelmente o personagem mais interessante do longa. E o elenco ainda conta com uns reforços poderosos, como Peter Dinklage, Lucas Hedges, Caleb Landry Jones, Abbie Cornish, John Hawkes e Nick Searcy, que aparece em uma rápida crítica à hipocrisia de figuras religiosas.
Com um quadro detalhista típico de uma cidadezinha norte-americana, a Ebbing do título original, McDonagh usa seu humor ferino para, além de contar uma boa história, fazer alguns comentários acerca da sociedade. Ninguém é bom ou mau, todos são tridimensionais. Há pouco a fazer para se divertir e as chances de algo dar errado são grandes. Por isso, tudo com que podemos contar é o próximo.
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Filme muito bom, creio que ela ganhe o oscar, está ótima, espero, sem esta de diversidade, estas bobagens que rola, pois na arte não tem nada disto, se vc e bom é bom.