por Marcelo Seabra
No início da Segunda Guerra Mundial, o exército alemão parecia invencível, com alguns países já tendo caído frente a ele. O então primeiro-ministro inglês, Neville Chamberlain (Ronald Pickup, de The Crown), é considerado inapto para o período que viria e Churchill é escolhido para a posição. No longa, vemos que um bom relacionamento com todos, inclusive os adversários, é fundamental para a manutenção do cargo.
Num primeiro momento, causa certa estranheza ver Oldman com aquela maquiagem pesada, que lhe confere anos e quilos a mais. Com poucos minutos, esquecemos Oldman e focamos em Churchill, o que deve ser o maior elogio que se pode fazer a um ator. Seguindo nomes como os de Albert Finney, Brendan Gleeson e Brian Cox, além do mais recente e excelente John Lithgow (em The Crown), o eterno Drácula marca outro gol em uma bela carreira, com mais uma figura real – caso de Sid Vicious, Lee Harvey Oswald e Beethoven.
É curioso acompanhar o outro lado, digamos o mais burocrático e gerencial, do conflito em Dunkirk, mostrado há pouco no longa homônimo. Churchill deveria decidir se entrava em embate com os fascistas ou se buscava um acordo de paz, como sugeria a sua oposição. Mais imediato era decidir o destino de milhares de jovens oficiais, encurralados e sem perspectiva de sobrevivência. Não era fácil estar nos sapatos do sujeito, e vemos isso bem. O vício em charutos e álcool também aparece o tempo todo.
Além da presença magnética de Oldman, que ficou com o Globo de Ouro e provavelmente levará seu primeiro Oscar, o elenco conta com outros ótimos intérpretes ingleses. Quem dá vida a Lady Clemmie, a esposa e principal apoiadora de Churchill, é Kristin Scott Thomas (de Dentro da Casa, 2012), com a competência usual. Lily James (de Em Ritmo de Fuga, 2017) ajuda o público a se situar ao representar o cidadão comum, dando ao político a dimensão do povo.
Talvez algo que tenha causado mais espanto que a citada maquiagem do protagonista seja ter Ben Mendelsohn como alguém bondoso e ponderado, ao contrário de seus vilões usuais. Sempre o psicopata da vez (como em Reino Animal e Rogue One), aqui ele vive Bertie, como era chamado pelos amigos o Rei George VI – mesmo personagem de Colin Firth em O Discurso do Rei (The King’s Speech, 2010). Juntando vários filmes, é possível contar boa parte da história da Inglaterra, inclusive com algumas repetições.
Como tem acontecido com frequência, os longas que chamam a atenção por terem os melhores atores não são necessariamente os melhores filmes. A Teoria de Tudo (The Theory of Everything, 2014) é um outro exemplo, e não por acaso eles dividem o roteirista, Anthony McCarten. Há passagens extremamente expositivas e pesa um tanto a mão do diretor, Joe Wright, acostumado a dramas românticos e chorosos, como Anna Karenina (2012) e Desejo e Reparação (Atonement, 2007). O trunfo de O Destino de Uma Nação é mesmo Oldman, que atrai nossa atenção para que esqueçamos o resto.
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