por Marcelo Seabra
Para um filme que parecia ser um Bruce Lee: Origens, A Origem do Dragão (Birth of the Dragon, 2016) é bem surpreendente ao dar importância a outros personagens. Assim, ele enriquece a história e evita endeusar seu biografado. Lee, entre várias qualidades, é mostrado como um sujeito bem vaidoso, o que não deixa de ser uma forma nova de vê-lo.
Um desafio ao contar a história de uma pessoa habilidosa como Lee é conseguir alguém que o represente bem, se pareça com ele e passe veracidade quanto à tal habilidade. Essa pessoa é Philip Ng Wan-lung (abaixo), ator e lutador nascido em Hong Kong que, se não é o melhor dos intérpretes, não chega a comprometer. E garante as cenas de luta, que coreografa e executa com maestria.
Talvez para prender a atenção do público ocidental, temos Billy Magnussen (de Ponte dos Espiões, 2015) fazendo a ponte entre dois grandes nomes do Kung Fu: Lee e o Mestre Wong Jack Man (Xia Yu, também muito bem). Aparentemente inimigos, os caminhos dos dois vão se cruzar de uma forma muito mais inteligente que em Batman vs Superman (2016). Tudo de um jeito que faça sentido, apesar de ter uma trama secundária bobinha.
Não se pode negar que A Origem do Dragão seja bem exagerado. Falta sutileza para caracterizar os personagens, com suas características bem ressaltadas para acelerar as apresentações, e as situações, com qualquer desavença logo virando pancadaria. Mas ele revela fatos que muitos devem desconhecer, mostrando como Bruce Lee chegou a ser a lenda até hoje reverenciada nas artes marciais e no Cinema.