por Marcelo Seabra
Desde que retomou sua carreira como ator, Arnold Schwarzenegger não havia oferecido uma performance tão acertadamente calculada. Possivelmente, nem antes. Em Busca de Vingança (Aftermath, 2017) tem um ritmo mais lento e se foca mais nos personagens do que os projetos usuais do austríaco, que mostra ser capaz de ir muito além de apenas distribuir sopapos. Pena que o ridículo título nacional não é o único problema do longa.
Arnie vive um mestre de obras imigrante nos estados Unidos que espera pelo retorno da esposa, que foi ao país deles buscar a filha grávida. Sua euforia pelo reencontro familiar dá lugar ao enorme pesar de perder as duas em um acidente aéreo. Paralelamente, conhecemos o controlador de voo (Scoot McNairy, de War Machine, 2017 – abaixo) que estava encarregado na noite do ocorrido. Sabemos que, em algum momento, os dois devem se encontrar, e é aí que a tensão é construída.
O mais interessante em Aftermath (que pode ser traduzido como consequência, resultado) é exatamente o estudo que se segue após a tragédia, passando longe dessa vingança besta do título nacional. O que se passa com o pai devastado, interpretado por um Schwarzenegger contido e crível, e com o funcionário da companhia aérea que de repente recebe um peso enorme nos ombros. McNairy parece mudar de cara com muita facilidade, fica até difícil associá-lo a outros de seus papéis.
Esses bons momentos são alternados por passagens enfadonhas, que parecem não avançar, e o roteiro perde ainda mais força perto do final da sessão. Não foge do previsível, mas um pouco de agilidade faria bem. O experiente Javier Gullon (de O Homem Duplicado, 2013) custa a render o material para durar uma hora e meia e o diretor, Elliot Lester (de Sleepwalker, também de 2017), não traz nada de memorável ao filme.
Desde que deixou a política, Schwarzenegger vem ensaiando um grande retorno, mas estava amarrado a suas origens, a um ar oitentista. Esse Em Busca de Vingança é um passo importante nessa direção e mostra que, aos setenta anos, ele dá conta de mais profundidade. Se o resultado não é fantástico, também não é ruim. Apenas dá a impressão de uma grande oportunidade perdida.
Em 2015 foi lançado no Brasil um filme com o Schwarzenegger chamado Maggie (com a subtitulo que dá até ulcera A transformação) que depois foi traduzido para “Contagio – epidemia mortal”(essas traduções estão cada vez pior). Mas neste filme o ator já estava mais contido, é uma história de drama, não é excelente, mas fiquei surpreso pois achei legal. E principalmente eu gostei das atuações.
Será que a idade chegou a ponto dele preferir filmes assim do que aqueles de ação?
Não achei que fosse querer ver este filme, mas depois desta crítica vou procurar para assistir. Fiquei curioso. Valeu pela dica.
Abraços
Vale a espiada, Rafael. E vou conferir Maggie.
Abraço!