por Marcelo Seabra
Um terreno vasto, cheio de areia e poeira, com um resto de parede no meio e mato em volta. E pilhas de lixo. E o sol na cara, rachando mamona. Este é o cenário de Na Mira do Atirador (The Wall, 2017), longa de guerra atualmente em cartaz que trabalha bem o suspense da situação. Mostrando que nem só de Netflix vive o telespectador, foram os estúdios Amazon que bancaram a produção, em associação com parceiros independentes.
Famoso por seus longas de ação A Identidade Bourne (The Bourne Identity, 2002), Sr. & Sra. Smith (2005) e No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow, 2014), Doug Liman mostra novamente que é um diretor criativo, aproveitando ao máximo o roteiro de Dwain Worrell (de Punho de Ferro) com tomadas interessantes e uma montagem ágil, que evita momentos enfadonhos mesmo tendo pouco o que mostrar. Os diálogos são afiados e aqueles que se mostram bobos ou superficiais logo são esclarecidos, para tudo há um bom motivo.
De cara, somos apresentados a dois militares que parecem esquecidos no meio do nada do Iraque, após o fim da guerra ter sido declarado. George Bush declarou seu país vitorioso e todos estavam indo embora. Mas um obstinado atirador mostra que não se importa com o fim do conflito, algo o motiva a permanecer em campo, com o rifle em punho. Os tais desgarrados encontram uma cena suspeita, com uma equipe de construção de um oleoduto morta.
É provável que tenha algum atirador à espreita, e cabe a eles esperar. O Sargento Matthews (John Cena, de Pai em Dose Dupla, 2015) é o sniper americano, sempre com o Sargento Isaac (Aaron Taylor-Johnson, de Animais Noturnos, 2016 – acima) como olheiro na retaguarda. Os dois estão em um país que não é o deles, sem apoio algum, o que levanta questões que parecem ser evitadas pelos norte-americanos. O filme chegou a levantar polêmica sobre uma possível apologia a terrorismo, o que é besteira. Mas é bem possível que, no meio da sessão, você se pegue pensando para quem torcer.
Discussões éticas à parte, Na Mira do Atirador é uma obra de ação que acaba não se aprofundando nos pontos levantados. Mas, graças a Liman e a Taylor-Johnson, principalmente, consegue cumprir sua função: divertir. E é bem objetivo, contando sua história em menos de noventa minutos. Só não pode confundi-lo com a obra-prima do Pink Floyd.