por Marcelo Seabra
Filmes de terror sobre retiros no campo e gente acampando são comuns, e podem facilmente descambar para a matança desenfreada. Não é mesmo, Jason? Por isso, é grande a satisfação quando aparece uma obra como O Acampamento (Killing Ground, 2016), que leva seus personagens a sério e não cria situações mirabolantes. A estreia do diretor e roteirista Damien Power num longa-metragem é discreta, daquelas que dão a falsa impressão de serem simples e fáceis de fazer.
O filme acompanha um casal que vai passar um fim de semana à beira de um lago, numa paisagem idílica. Chegando lá, descobrem que não são os únicos, mas ninguém sai da outra barraca. Paralelamente, vamos conhecendo mais personagens e o quadro vai se formando. Montada de maneira inteligente, fugindo da cronologia, a obra exige um mínimo de atenção de seu público.
Os cenários australianos são bem convidativos e propícios a um mistério. Dos vários filmes que saíram desse filão, temos Wolf Creek (2005) como provável exemplo mais famoso, que deu origem a continuações e até a uma série. Mas não podemos nos esquecer dos que mostram embates entre as pessoas da cidade e os locais, caso da refilmagem Doce Vingança (I Spit on Your Grave, 2010) e do mais famoso Amargo Pesadelo (Deliverance, 1972).
Pois é com esse último que O Acampamento divide características, apenas em menores proporções. O elenco, prioritariamente australiano, tem pouca fama fora, mas é bem competente e tem muita experiência. O fato de não conhecermos aqueles rostos é até interessante, já que não criamos expectativas. E, se o começo é mais contemplativo, marcado por silêncios, do meio em diante o ritmo acelera e a ação se torna mais envolvente. O resultado, não à toa, chamou a atenção em Cannes e já pode ser conferido nos cinemas.
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