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Franquia Piratas do Caribe se arrasta para mais um

por Marcelo Seabra

Uma boa arrecadação nas bilheterias nunca prova nada, já que qualidade e dinheiro nem sempre se encontram. Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales, 2017) é um atestado disso, uma aventura insossa que ocupa atualmente o primeiro lugar nacional e que já leva mais de 365 milhões de dólares em caixa pelo mundo. Mesmo sendo cansativo e desnecessário, o longa garante a produção do próximo episódio.

Em sua quinta aventura, a franquia mostra claros sinais de cansaço. A grande atração, desde a primeira, é a caracterização de pirata de Johnny Depp, algo como um rockstar dos trópicos que não valia nada. Sempre tentando levar vantagem e passar os outros para trás, Jack Sparrow acaba tendo que confrontar os muitos inimigos que acumulou pela vida, e eles vão se enfileirando a cada filme. Agora, é a vez do Capitão Salazar, um espanhol malvado que navega pelos mares num navio fantasma, liderando uma equipe igualmente amaldiçoada.

Com Javier Bardem (o Silva de Operação Skyfall, 2012 – acima) no papel, Salazar desperta interesse, mantendo a tradição da série de sempre contar com bons atores como coadjuvantes (como Bill Nighy e Chow Yun-Fat). O que mais chama a atenção no filme é o interessante efeito nos cabelos do vilão, que se mexe como se estivesse dentro da água. O que é muito pouco para manter a graça por mais de duas horas. E Depp, depois de voltar tantas vezes a Sparrow, o interpreta como um bêbado infantilizado que lembra Mr. Magoo, aquele velhinho cego que se metia em confusões desavisadamente. Até o grande Geoffrey Rush, o Capitão Barbossa, está fora do tom, exagerado até!

Outras duas adições neste novo Piratas são Brenton Thwaites (de Deuses do Egito, 2016) e Kaya Scodelario (da franquia Maze Runner), uma dupla previsível que se une para encontrar um certo Tridente de Posseidon. O rapaz, Henry, é filho do nosso velho conhecido Will Turner (Orlando Bloom) e quer livrar o pai de uma maldição. E Carina, fugindo de uma condenação à morte por ser considerada bruxa, entra na missão de Henry por saber encontrar o tal tridente, que acabaria com os feitiços dos mares.

Os elementos mágicos da trama vão aparecendo à medida em que são necessários, o que transforma o filme em uma bagunça de conveniência. As regras são escritas enquanto a ação se desenrola, o que torna tudo uma mesmice. Fica difícil até achar posição na cadeira. Os noruegueses Joachim Rønning e Espen Sandberg (de Expedição Kon Tiki, 2012) disseram se inspirar no primeiro filme, A Maldição do Pérola Negra (2003), e contaram com uma história de Terry Rossio, da equipe original. Mas ela foi descartada e o experiente Jeff Nathanson (de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, 2008), novato nesse universo, e o próprio Depp reescreveram tudo, e não conseguiram dar frescor ao material. Mesmo assim, Rønning, Sandberg e Nathanson já estão contratados para Piratas 6.

A carreira de Depp precisa de gás urgentemente

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

View Comments

  • Quem é vc pra fazer qualquer critica ao filme, seu comentario é nulo amigo....

    • Fã de Jack Sparrow, eu suponho. Que coincidência, o seu comentário também me parece bem nulo. Obrigado pela visita!

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