por Marcelo Seabra
Brincando com todas as encarnações de Batman no Cinema, de Tim Burton ao recente Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016), os roteiristas fazem referências mais e menos óbvias. É citada a armadilha que o Coringa cria com os dois barcos em O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), assim como a fuga de Bruce Wayne com uma bailarina russa (do mesmo filme). Bane tem a mesma voz de velhinho inglês criada por Tom Hardy na conclusão da trilogia de Christopher Nolan. A Gotham City montada com legos parece a cidade idealizada por Joel Schumacher, cheia de cores e construções inusitadas. E algumas das melhores piadas vão ainda mais longe e chegam à série de TV dos anos 60, aquela dos malfadados “POW” e “BLAP” que apareciam na tela a cada golpe desferido nos criminosos.
Os vilões que vemos em LEGO Batman são um show à parte. Ressuscitando gente como Rei Tut, são aproveitados personagens de várias mídias e épocas, e até alguns são inventados, compondo um grupo muito interessante. E o principal, como não poderia ser diferente, é o Coringa, que busca a aceitação de Batman de que os dois são arqui-inimigos. Ele quer algo como dar um passo à frente na relação, que seu antagonista admita que ele é o mais importante da rica galeria de vilões. Para isso, o Palhaço do Crime recruta todos os demais para explodir Gotham. Mais um dia na vida dessa violenta cidade.
O tema principal do filme é a importância de se trabalhar em equipe. Joga-se muito com a ideia de cavaleiro solitário de Batman, que nunca precisa de ajuda ou parceiros. “Não tenho relações”, como ele mesmo diz (referindo-se, em inglês, ao sufixo ship, de relationship). Além dessa suposta relação com o Coringa, o protagonista ainda precisa lidar com o recém adotado Dick Grayson, estabelecendo aí três gerações de uma família improvisada: o mordomo Alfred, Bruce e Dick. Bruce, após a morte dos Waynes, passou a ter grande dificuldade para aceitar ser parte de uma família, e é isso que o filme vai trabalhar. Sempre com muito humor, vale lembrar. A forma como Dick entra na história e acaba descobrindo o segredo de Bruce é hilária. E, ao contrário do que acontece nos filmes live-action, em que os atores querem que seus rostos apareçam o máximo possível, Batman não tira a máscara nem para nadar!
Mais uma vez, observamos o problema da dublagem quando se trata de animações. Não que o trabalho dos dubladores nacionais seja ruim – não é. Mas não há opção para o público que prefere ver com o áudio original. Para quem conhece Will Arnett de séries como Arrested Development, é ainda mais engraçado ouvi-lo como essa versão convencida e fodona do Batman, murmurando como Christian Bale. E ter Michael Cera, que era da mesma série, como Robin, potencializa o humor. O Coringa talvez seja o melhor trabalho da carreira de Zack Galifianakis (da trilogia Se Beber, Não Case), e temos alguém do calibre de Ralph Fiennes (de Ave, César, 2016), com seu forte sotaque inglês, fazendo o Alfred. E a lista de talentos famosos é grande: Rosario Dawson, Conan O’Brien, Channing Tatum, Jonah Hill, Hector Elizondo, Mariah Carey, Zoë Kravitz, Eddie Izzard, Seth Green, Jemaine Clement, Adam Devine, entre outros.
A produção teve o cuidado de convidar Billy D. Williams, que viveu Harvey Dent no Batman de 1989, para dublar o Duas-Caras! Até a Siri, a voz que ouvimos nas mensagens de iPhones, é usada. Tudo isso é perdido na versão brasileira. Felizmente, fora a inserção de um ou outro termo local, como “malandramente”, a maior parte do conteúdo original é mantida, como o acertado questionamento de Barbara Gordon, que queria chamar o Batman de Batboy.
Mais uma vez, Bane soa como um velhinho inglês
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