por Marcelo Seabra
Duas coisas são incríveis em Dominação (Incarnate, 2016), longa que chega aos cinemas nacionais essa semana. Uma é a presença de Aaron Eckhart como o protagonista. O bom ator já errou feio em suas escolhas, mas nunca com tanta vontade. E a outra é a possibilidade de que essa aberração chegue a ter uma sequência, como mencionado recentemente na mídia estrangeira. Trata-se de um terror dos mais fracos, com uma premissa louca ditada por uma teoria dita científica que vai se adaptando de acordo com a necessidade do roteiro. É difícil prever o que vai acontecer porque é igualmente complicado entender o que está acontecendo.
Eckhart (de Sully, 2016) vive uma espécie de cientista que, há alguns anos, descobriu um talento raro: enquanto dorme, ele consegue entrar na mente de pessoas possuídas e convencê-las a expulsar o demônio. Ele próprio reforça que não se trata de um exorcismo e não há religião alguma envolvida. É como se ele aliasse sua habilidade à ideia de A Origem (Inception, 2009) para, ao invés de plantar uma ideia, ajudar a pessoa contra o capeta. O que ele ganha com isso? Como ele sobrevive e ainda mantém uma equipe de dois? Como ele descobriu esse talento? Essas são apenas algumas das perguntas que podem surgir. E elas permanecerão sem resposta.
Quando a bagunça começa, conhecemos o jovem Cameron (David Mazouz, o Bruce Wayne de Gotham). O pai (Matt Nable, de Arrow), alcoólatra, sumiu no mundo após machucá-lo. A mãe (Carice van Houten, de Game of Thrones), assustada, não atende as ligações do ex e correu com o filho para uma vida nova. Acontece de um demônio que passa através do toque (tipo Possuídos, de 1998) se apossar do menino. Quando o tal Dr. Ember concorda com uma enviada do Vaticano (Catalina Sandino Moreno, de O Ano Mais Violento, 2014) e vai ver o menino, confirma suas suspeitas: o demônio é um velho conhecido dele.
Vários detalhes são inseridos na trama principal na tentativa de dar profundidade aos personagens – como a situação entre os pais de Cameron. Mas isso não serve para nada quando se tem um roteiro estapafúrdio que nunca passa perto de fazer sentido. O passado de Ember vai aparecendo aos poucos, e o público se importa cada vez menos. A coisa mais relevante do currículo do roteirista, Ronnie Christensen, é o drama Passageiros (Passengers, o de 2008, não confundir com a estreia da semana), que não é grandes coisas. Com o diretor, Brad Peyton, não é diferente: em meio a sequências insignificantes, vem um Terremoto: A Falha de San Andreas (2015), uma bobagem com The Rock.
Tentando dar um clima de terror de décadas passadas, o filme lembra produções que conseguiram isso, como Sobrenatural (Insidious, 2010), o que apenas o enfraquece mais. Mas o pior em Dominação é a cara de possível franquia que Peyton lhe dá, tentando estabelecer uma mitologia que poderia ter vida longa. Pior que Dominação seria um Dominação 2.
Confira um pacote de 10 séries comentadas rapidamente, de streamings e assuntos variados. Continue lendo…
Expoente da literatura de terror nacional, Raphael Montes já vendeu estimados 500 mil livros e…
Com apresentação de Jimmy Kimmel (abaixo), que exerce a função pela quarta vez, a 96ª…
por Alexandre Marini Marcelo Seabra me convidou para escrever um pouco sobre minha percepção a…
A partir do final da década de 70 e por todos os anos 80, houve…
Depois das 2h35min da primeira parte, chega aos cinemas essa semana Duna: Parte Dois (Dune:…