por Marcelo Seabra
Depois de diversas indicações e alguns prêmios pelo mundo, chega aos cinemas brasileiros Capitão Fantástico (Captain Fantastic, 2016), longa que traz Viggo Mortensen à frente de seus seis filhos morando numa floresta. No ápice do estilo de vida bicho grilo, o personagem faz o que muitos sonham, mas só parece funcionar na ficção. Não faltam risos e lágrimas, o roteiro é bem equilibrado e vai de um lado a outro com muita facilidade.
Em uma de suas melhores atuações, Mortensen (de Na Estrada, 2012) vive Ben, um sujeito que decidiu se mudar com a família pra uma casinha no meio do mato e ele e a esposa seriam os professores dos filhos. Eles são quase auto-suficientes e o dinheiro que ainda sobrou na conta bancária ajuda. O problema é que a esposa tem uma doença e precisa deixá-los lá, indo para a cidade em busca de tratamento.
Em determinado momento, algo acontece e força a família a encarar a cidade. É quando vemos o deslocamento dos jovens junto a outras pessoas. Eles têm físico de atleta e todo o conhecimento que um livro pode trazer. Mas não têm vivência, maldade ou qualquer outra característica proporcionada pela vida em sociedade. O filho mais velho até parece ressentido com isso, já que não sabe se comportar frente a uma garota.
Stéphane Fontaine, diretor de fotografia dos recentes e elogiados Elle e Jackie, nos proporciona uma experiência muito interessante. A floresta, com paisagens muito bonitas, parece familiar, corriqueira, enquanto ele nos mostra a cidade pelos olhos de uma criança, alguém que nunca tivesse visto um restaurante dessas grandes cadeias, ou mesmo um videogame. O choque entre as famílias é bem interessante e Ben tem argumentos fortes para provar quem tem razão.
Apesar de alguns personagens não serem bem desenvolvidos, de o roteiro não dar muita atenção a eles, outros têm uma personalidade bem formada. O diretor e roteirista Matt Ross (ator em Silicon Valley e American Horror Story) evita maniqueísmos, não temos heróis ou vilões. Ben é ao mesmo tempo um pai amoroso e um ditador durão. Ele é bem firme em suas colocações, mas estimula o debate e aceita ser contrariado. O avô das crianças, vivido por Frank Langella (de Frank e o Robô, 2012) é uma figura abominável à primeira vista. Mas ele logo se mostra uma pessoa carinhosa que cuida dos seus. E os filhos, apesar de viverem sob um esquema rígido de estudos e treinamentos físicos, são adoráveis e passíveis de erros.
Um dos filhos não foi a Cannes
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