por Marcelo Seabra
Depois de arrecadar mais de 300 milhões de dólares, era certo que Invocação do Mal (The Conjuring, 2013) teria uma continuação. E o diretor James Wan gostou da ideia de seguir nesse universo e se garantiu no comando da franquia. Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2, 2016) já chegou aos cinemas e traz uma nova investigação do casal Warren, demonologistas que teriam participado de mais de dez mil casos de possessão, assombração e afins. Não é imprescindível ter visto o anterior, já que se trata de uma nova história.
Repetindo os papéis principais, temos Patrick Wilson e Vera Farmiga como Ed e Lorraine Warren. Eles viajam pelos Estados Unidos para ajudar pessoas que estariam sendo vítimas de espíritos com más intenções. Um dos casos mais documentados e famosos de todos os tempos é o da casa de Amityville, onde um morador matou sua família e alegou ter sido obrigado a isso por forças sobrenaturais. Essa situação serve de ponto de partida e encontramos os Warrens cansados de tanta energia ruim, e Lorraine faz o marido prometer que essas aventuras estariam encerradas. Eles acabam aceitando ser consultores da Igreja Católica, com a perspectiva de apenas fazerem uma visita, e acabam entrando de cabeça.
Em Londres, uma mãe e seus quatro filhos começam a observar fenômenos sobrenaturais dentro de casa. Nem a polícia nem o padre podem ajudar, e os Warrens são chamados para eliminar a possibilidade de farsa, o que alguns afirmam ser o caso. O fato ficou conhecido como o Poltergeist de Enfield e vai garantir ao público alguns sustos bem dados. Wan consegue contornar a maioria das obviedades do gênero, mantendo a sobriedade do primeiro filme. Há, sim, cruzes rodando na parede, mas são poucos os clichês. Novamente, a fotografia explora bem os cantos da casa e conta com contrastes de luz pra criar a atmosfera necessária. O cineasta e seu diretor de fotografia, Don Burgess (de O Voo, 2012), conseguem uns enquadramentos muito interessantes e a câmera passeia pelos ambientes levando junto o espectador. A trilha sonora do colaborador usual de Wan, Joseph Bishara, chega a evocar o clássico O Exorcista (The Exorcist, 1973), contribuindo para o quadro geral.
O roteiro, novamente a cargo de Wan e dos irmãos Carey e Chad Hayes, além de David Johnson (de Fúria de Titãs 2, 2012), toma um tempinho para apresentar os novos personagens e para encontrar os já conhecidos. Isso é fundamental para que possamos entender e nos importar com aquela família. Os momentos dramáticos são bem arquitetados e há doses de humor em meio à tensão, uma quebra bem-vinda que cria ainda mais expectativa. A reconstituição de época é rica e recria o final da década de 70. E Madison Wolfe (de Joy, 2015) acerta na composição de sua Janet, uma menina que procura um lugar em meio à turma da escola e logo se vê afastada de todos, tida como diferente, até amaldiçoada.
Wilson e Farmiga levam a sério o universo dos Warren e trazem a força e a dignidade necessárias, e temos uma ideia dos desafios que o casal vivia quando são chamados de charlatões em um programa de televisão. O elenco, que inclui Frances O’Connor, Simon McBurney e Franka Potente, está bem nivelado, e ajuda muito ter personagens críveis, que tomam atitudes compreensíveis. Wan evita exageros ou apelações e entrega um filme de terror com classe, que nos faz aguardar as próximas aventuras de Ed e Lorraine. Problemas de agenda podem tirar o diretor da terceira parte, mas isso não deve impedi-la de acontecer.
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excelente site, parabéns
Obrigado!
EXCELENTE CRÍTICA ! Já vi o filme Invocação do Mal umas 977263617244083638927 mil vezes e como ninguém aguardei ansiosamente pelo segundo filme, até que pude finalmente me deliciar com a produção logo em seu primeiro dia de estreia. O filme é excelente, assim como a respectiva crítica de O Pipoqueiro. Parabéns !!!
Valeu, Guilherme!