Jornalismo é o centro do Jogo do Dinheiro

por Marcelo Seabra

Está em cartaz o novo filme da diretora Jodie Foster, O Jogo do Dinheiro (Money Monster, 2016), e ao contrário do que se pode pensar, não se trata de uma obra sobre o mercado financeiro. O foco é muito mais o jornalismo que é feito hoje e o buraco no qual a profissão vem se escondendo. Mesmo trazendo uma discussão mais rasa, o longa nos mostra que o problema é generalizado, e não apenas no Brasil, e indica que há muito paramos de fazer as perguntas certas, aceitando verdades como fatos.

O protagonista, Lee Gates (George Clooney, de Ave, César, 2015), é um figurão da mídia que ganha bem fazendo um espetáculo na TV. Não vemos análises ou dicas bem fundamentadas, mas dancinhas, memes e chutes relacionados a ações e ao que poderia ser lucrativo. Pequenos investidores podem assistir ao programa e seguir os palpites de Gates, que não tem responsabilidade alguma ao indicar empresas de conhecidos e inadvertidamente contribuir com golpes. Seria apenas algo inocente visando entretenimento, como Gates gosta de pensar, ou ele teria uma responsabilidade maior com seu público?

Durante uma gravação, que parecia ser apenas mais uma, Gates é surpreendido por um jovem armado que o faz vestir um colete com explosivos. Tudo isso para obter respostas. O que teria causado um rombo de US$ 800 milhões que levou a economia de muita gente pequena? Quem responde por isso? A queda brusca das ações de uma empresa pode ser justificada por um erro num software? Kyle (Jack O’Connell, de Invencível, 2014), o jovem e desesperado invasor, faz questionamentos que poderão tirar a equipe do programa do piloto automático. A produtora (Julia Roberts, de Álbum de Família, 2013) se comunica com Gates pelo ponto eletrônico e, juntos, eles tentarão resolver o caso.

Roberts, sentada na maior parte do tempo, não causa uma impressão forte, o que deixa para os colegas de elenco. Clooney começa usando aquele charme natural de canalha que já conhecemos bem para, quando em risco, começar a atuar de fato, injetando ânimo nas cenas. E O’Connell, que já segurou filmes nas costas e nunca decepciona, traz credibilidade a seu personagem, alguém que não vê outra possibilidade a não ser o ato extremo que causa. E ele sabe qual é o provável desfecho, como deixa claro. Dentre os demais nomes de apoio, o destaque é a bela e firme Caitriona Balfe (de Rota de Fuga, 2013), que não tem nada de mocinha em perigo.

Dirigindo pela quarta vez, Foster (de Um Novo Despertar, 2011) parece estar reunindo amigos para uma confraternização, bem ao estilo de Clooney, que também é produtor. Todos se mostram bem à vontade. A tensão da história consegue se manter por quase toda a projeção, mesmo que seja fácil antecipar o final. Em pouco mais de uma hora e meia, acompanhamos uma história interessante que pode fazer pensar um pouco e questões mais sérias. O que é uma vitória para os envolvidos.

Seria esse o fundo do poço?

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Filme muito ruim, perdi meu tempo assistindo. Este showzinho de "dança", piadinhas sem graça, faz o filme ser pior ainda. Há cenas que não se aplicam na vida real e o que se vê é uma a “forçação” de barra criar um clima de tensão. São aqueles típicos filmes de Sessão da Tarde, assiste quem não tem nada mesmo para fazer. Uma pena que a Jodie Foster ter se aventurado a produzir um filme como este.

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