Memórias Secretas nos leva ao terror do Holocausto

por Marcelo Seabra

Zev Guttman é um velhinho aparentemente inofensivo que guarda um trauma enorme: ter tido a família assassinada em Auschwitz. Depois de muitos anos, ele tem a oportunidade de vingá-los, indo atrás do igualmente octogenário responsável pelas execuções. Memórias Secretas (Remember, 2015) representa, além de outra grande interpretação de Christopher Plummer, uma volta do diretor Atom Egoyam à boa forma após algumas bolas fora. Outros grandes nomes no elenco ajudam a manter o resultado acima da média, mesmo que muito possam torcer o pescoço para a conclusão.

Com roteiro do estreante Benjamin August, que já engatou um segundo projeto em produção, Egoyam (de Sem Evidências, 2013) voltou sua atenção para um sobrevivente do holocausto em busca de vingança. O alemão Zev (Plummer, de Não Olhe Para Trás, 2015) conhece no asilo um compatriota com o mesmo histórico, Max (Martin Landau, de Frankenweenie, 2012), e eles traçam um plano para encontrar e eliminar o líder do bloco onde foram prisioneiros. O inconveniente é que existem, na América do Norte, quatro pessoas com nome, nacionalidade e idade idênticos, o que torna a busca mais longa. Zev deixa o amigo inválido no asilo e foge atrás das pistas que dispõe, sempre se orientando pela carta escrita por Max. O detalhe: Zev está sofrendo de um tipo de demência que ataca sua memória e precisa ser lembrado, por exemplo, que sua esposa faleceu.

A busca do protagonista o faz encontrar personagens interessantes e passar por situações inesperadas. E Egoyam tem a oportunidade de contar com atores como Dean Norris (de Breaking Bad), Jürgen Prochnow (de Hitman: Agente 47, 2015), Henry Czerny (de Revenge) e Bruno Ganz, muito lembrado como o próprio Hitler de A Queda (2004). Com essa turma, um roteiro bem polido e uma fotografia bonita, cortesia do parceiro habitual Paul Sarossy, o diretor consegue um resultado melhor que nos últimos filmes lançados. E é bom lembrar ainda da trilha marcante do também colaborador frequente Mychael Danna, que traz um quê de Hitchcock em alguns momentos.

Os amigos planejam a caça ao nazista

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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