por Marcelo Seabra
Desde o início, da narração que não diz coisa com coisa e não acrescenta nada, já imaginamos que O Caçador e a Rainha do Gelo (The Huntsman: Winter’s War, 2016) não conseguirá alçar um grande voo. A Universal vem tentando com afinco estabelecer uma nova franquia, mas a tarefa se mostra mais complicada que o esperado. Se o primeiro filme, Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, 2012), já não era grande coisa, porque insistir em uma continuação? Ainda mais mudando o foco e enfatizando quem antes era para ser coadjuvante.
Depois que o romance entre Kristen Stewart e Rupert Sanders se tornou público e causou certo desconforto, a ideia inicial do estúdio, de uma sequência direta para Branca de Neve, foi descartada. A opção, então, foi contar a história do personagem que roubou a cena da garota: o caçador vivido por Chris “Thor” Hemsworth e mostrar como ele chegou naquelas terras. Outra que não podia faltar era a madrasta má de Charlize Theron, possivelmente a principal atração do primeiro filme. Mas outra antagonista era necessária, para evitar ficar muito repetitivo, e chamaram Emily Blunt (de No Limite do Amanhã, 2014) para interpretar Freya, a rainha irmã da Ravenna de Theron.
Supostamente de uma linhagem de pessoas dotadas de poderes, as irmãs vivem juntas e Freya é boazinha e normal. Depois de uma tragédia, ela se torna um ser frio nos dois sentidos: ela descobre seus poderes de congelar tudo e passa a eliminar qualquer sinal de amor em seu reino. Crianças tiradas sabe Deus de onde chegam aos montes no vilarejo e são treinadas para se tornarem guerreiras e compor o exército de Freya, que sempre busca ampliar seus domínios à base da força. É aí que descobrimos a origem de Eric, o caçador, uma dessas crianças, e conhecemos outra novidade da trama: Sara, colega de Eric, que chega para reforçar o lado bonzinho. Coube a Jessica Chastain (de A Colina Escarlate, 2015) a missão de ser uma mulher forte e determinada que não ficaria à sombra de Hemsworth.
Com várias reviravoltas mal planejadas, o longa rapidamente se torna cansativo. Parece que tudo o que acontece logo será revisto, haverá algum ajuste e a realidade é alterada. Providências tomadas pelos personagens por vezes não têm explicações lógicas, que nos fazem nos perguntar: “Se ele queria aquilo, por que não foi lá e fez isso ou aquilo?” E um espelho que responde perguntas de beleza mais uma vez é o centro da trama. Ele é cobiçado por vilões, por ser tão poderoso, mesmo que esse poder não fique claro. A exemplo do segundo 300, A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire, 2014), a história começa antes e termina depois da anterior, impossibilitando o rótulo de sequência ou pré-continuação.
Com pouco tempo de exibição, O Caçador e a Rainha do Gelo chega a um enfadonho que torna-se difícil controlar o sono. Resta esperar a tal rainha do título começar a cantar Let It Go, mais uma indicação da falta de originalidade da obra. O diretor estreante Cedric Nicolas-Troyan, experiente supervisor de efeitos especiais que trabalhou inclusive em Branca de Neve e o Caçador, não consegue fazer uma cena de ação ou luta que não seja confusa. Mal entendemos o que está acontecendo, quem fez o que. Aí, aparece um anão engraçadinho com uma piadinha, como se isso fizesse tudo ficar bem. Se já estava difícil estabelecer uma franquia a partir da primeira aventura, com esta nada foi facilitado.
muito bom seu post vou assistir o filme hj
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Tanto tempo, talento e dinheiro gastos de forma duvidosa… Que tristeza.