por Marcelo Seabra
Apesar da cara de filme feito para a televisão, o que não é mais necessariamente ruim, Brooklin (Brooklyn, 2015) é um drama muito bem construído que, de forma discreta, chegou aos cinemas e às premiações da temporada principalmente devido à sua protagonista. Já com 21 anos, tendo chamado a atenção aos 12, Saoirse Ronan tem muito mais que belos olhos azuis. Ela precisa de muito pouco para se expressar e retrata perfeitamente as dificuldades de ser uma estranha em uma terra estranha.
A exemplo de longas como Terra de Sonhos (In America, 2002), Brooklin nos apresenta a Eilis, uma garota que percebe que não há nada para ela na pequena cidade irlandesa onde vive com a mãe e a irmã. A solução é seguir para os Estados Unidos, e para isso ela conta com o patrocínio de um padre bondoso (Jim Broadbent, de A Viagem, 2012). A dor de deixar a família se contrasta com a excitação de estar num lugar novo, diferente, “onde não conhecem a sua tia”, como dizem em certo momento. É a oportunidade de começar do zero, mas também há a solidão e a saudade para vencer.
Esses sentimentos extremos são facilmente externados por Ronan, que torna sua Eilis uma personagem profunda e crível usando expressões faciais e movimentos calculados. A garota vai ganhando experiência na vida no exterior e acompanhamos de perto essa evolução, e logo ela viverá um dilema amoroso. Os jovens pretendentes, vividos por Emory Cohen (de O Lugar Onde Tudo Termina, 2012 – acima) e pelo onipresente Domhnall Gleeson (do novo Star Wars), são possibilidades palpáveis de um bom futuro e vão movimentar uma existência que, até então, seguia sem grandes abalos. Eles representam situações diferentes, como suas personalidades. Ambos são boa gente, não há o maniqueísmo de produções mais fracas, que lançam um impasse com a solução já se apresentando.
A casa onde Eilis mora, uma espécie de república de mulheres gerenciada pela sra. Keogh (Julie Walters, de Apenas Uma Chance, 2013), é um universo à parte. As demais moradoras não são muito exploradas, mas elas aparecem quando necessárias, enriquecendo o cenário. Walters e Broadbent exibem o talento de sempre, e há de se ressaltar a participação das igualmente competentes Jane Brennan (de The Tudors) e Fiona Glascott (de Episodes), como a mãe e a irmã de Eilis.
Se o diretor de Brooklin, John Crowley (de Circuito Fechado, 2013), não é muito expressivo, o roteirista ocupa essa brecha. Escritor consagrado e autor dos roteiros de Livre (Wild, 2014) e Educação (An Education, 2009), Nick Hornby ficou encarregado de adaptar o elogiado livro do irlandês Colm Tóibín. Apesar de ser lembrado por personagens verborrágicos, como os de Um Grande Garoto e Alta Fidelidade, ambos levados ao Cinema, Hornby sabiamente economiza nos diálogos, mantendo as sutilezas da obra original e confiando no talento de Ronan.
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Pesquisando sobre o asunto encontrei esse post, achei bem interessante, vou acompanhar o blog de agora em diante.