por Marcelo Seabra
No Cinema, o número de sequências, remakes e outros diversos tipos de obras não originais já é grande há algum tempo. E o fenômeno da repetição tem chegado forte à TV também, com séries baseadas em conceitos anteriormente desenvolvidos em filmes. Dois exemplos recentes são Minority Report e Limitless, que partem de onde seus irmãos mais velhos pararam, tentando manter o interesse mesmo que sobre algo que já conhecemos. Ambas têm tramas que se passam após os eventos conhecidos, procurando expandir seus universos.
Baseado num conto de 1956 de Philip K. Dick, o filme Minority Report (2002) chamou bastante atenção não só por seu ótimo elenco, capitaneado por Tom Cruise, mas pelas ideias apresentadas. A polícia daquele futuro conseguia prender os criminosos antes do crime acontecer, apoiando-se nas previsões de três jovens videntes – os PreCogs – que eram mantidos presos e sedados. A série acompanha exatamente esses três, que foram libertados em segredo após o fim do programa de prevenção, sem qualquer registro, documento ou ficha policial.
Como não há nenhuma novidade realmente importante que a série possa trazer, a impressão que fica é que o bando de roteiristas inventa o crime da semana a ser resolvido enquanto pensa em inovações tecnológicas para manter o interesse do público. Afinal, a ação se passa cinquenta anos no futuro, é preciso inventar muita coisa. Quando isso falha, ou não é o bastante, sempre pode-se apelar aos atributos físicos de Good, colocando-a em roupinhas apertadinhas, como se isso fosse o suficiente para manter a audiência. No fim, é apenas mais uma série de procedimentos policiais, com investigações, crimes escabrosos e uma subtrama que vai se arrastar até o final da temporada, quiçá da série.
Melhor sucedida foi Limitless, que conseguiu usar o NZT-48 para criar mais personagens. Não se trata mais do “crime da semana”, mas de descobrir quem criou essa fantástica droga e tudo o mais que a envolve. Eddie Morra, que Bradley Cooper viveu no longa Sem Limites (2011), agora é senador, e não é ele que acompanhamos, mas Brian Finch (Jake McDormand, de Sniper Americano, 2014), um sujeito normal que ganha um comprimido de NZT-48 de um amigo e se vê envolvido em assassinatos. Ele precisa provar sua inocência e conseguir mais comprimidos, já que ninguém que experimenta esse nível de consciência quer voltar para trás.
Há um aplicativo que faz o celular atuar como controle remoto, o Peel Smart Remote App, que capta quanto tempo a pessoa insistiu em determinado programa. Na temporada passada de estreias, os seriados que conseguiam segurar os espectadores por um mínimo de 15 minutos tiveram sucesso. Essa passou a ser mais uma ferramenta para medir níveis de audiência, e ela já indica a superioridade de Limitless em relação a Minority Report, que não deve sobreviver para uma próxima fornada. E nem precisava de muita tecnologia, essa é a conclusão que chegamos ao assistir aos primeiros episódios de cada uma.
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De fato, é bastante questionável e cada vez mais frequente. Bates Motel, Hannibal, Scream (série da MTV e agora, aparentemente, comprada pela Netflix - já que está carimbando com "Produção Original Netflix") e tantas outras...
Sem contar aquelas que tentam ir além, expandindo universos cinematográficos (como a Marvel com Agents, Demolidor e tantas outras). Ainda acho que estas se saem melhor que aquelas, por pelos menos tentar trazer algo novo e se esforçarem criativamente falando.
As que são diretamente ligadas aos filmes eu realmente só constato uma verdadeira crise criativa em Hollywood... Mas geram alguns momentos bons, como, por exemplo, a ótima-satírica-e-guilty-pleasure Scream...