por Marcelo Seabra
“Velho sim, obsoleto não”. Esse é o mantra do famoso T-800, personagem já consagrado de Arnold Schwarzenegger que agora está com uma idade avançada, assim como seu intérprete. A desculpa foi boa para conseguir envelhecer o robô, mas a verdade é que a franquia O Exterminador do Futuro não tem como se sustentar desde o terceiro filme, que é fraco e não chega a lugar nenhum. Nos cinemas, O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator Genisys, 2015) é mais um a falhar na missão de renovar a série, apesar de alguns momentos mais inspirados.
Depois de dirigir Thor: O Mundo Sombrio (Thor: Dark World, 2013), Alan Taylor assumiu a responsabilidade de revisitar o clássico de James Cameron, o Exterminador de 1984. O roteiro de Laeta Kalogridis (de Ilha do Medo, 2010) e Patrick Lussier (de Fúria Sobre Rodas, 2013) cria uma situação que permite recriar algumas cenas do original, ampliando o conceito e distorcendo certos pontos, a maioria com justificativas plausíveis dentro daquele universo. A trama começa no meio da guerra entre humanos e máquinas, a Skynet contra a turma de John Connor (Jason Clarke, de Planeta dos Macacos, O Confronto, 2014). O líder rebelde está prestes a vencer quando um exterminador é enviado ao passado para matar Sarah Connor (Emilia Clarke, de Game of Thrones), ninguém menos que sua própria mãe.
John precisa proteger a mãe e a si próprio, e envia de volta o soldado Kyle Reese (Jai Courtney, de Divergente, 2014), e quem sabe um mínimo sobre a franquia sabe de quem se trata. A partir daí, o que sabemos vai sendo alterado, já que viagens no tempo são possíveis. Uma dessas liberdades tomadas é estragada pelo trailer e até pelo cartaz do filme, o que é inconcebível: como que o próprio estúdio resolve estragar umas das surpresas que eles programaram? De resto, bons efeitos visuais e a velha sensação de que nada vai mudar radicalmente, como nos episódios anteriores. Piadas requentadas e repetidas, momentos de humor um pouco forçados, fora de hora.
O carisma de Schwarzenegger continua em alta, e ele salva várias cenas da mesmice. Courtney continua um ator no limite do risível, só a presença da “Khaleesi” Emilia para causar uma impressão forte. A nova versão do T-1000 (Byung-hun Lee, de RED 2, 2013) não tem tempo suficiente para chamar atenção, mesmo porque não acrescenta muita coisa. Quem surpreende sendo um alívio cômico um pouco fora de lugar é J.K. Simmons, o oscarizado professor de Whiplash (2014). É um ator que merecia muito mais espaço, mas fica apenas sendo a piada entre os colegas. Outro que praticamente entra mudo e sai calado é Matt Smith, uma das muitas encarnações de Doctor Who.
Outras tramas recentes que tratam de viagem no tempo, como X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past, 2014) e No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow, 2014), conseguiram um resultado bem mais interessante. Esse novo Exterminador do Futuro comprova mais uma vez o esgotamento da fórmula da franquia, que deveria ter parado quando James Cameron parou. Mas, ganhando alguns milhões de dólares pro caixa, não há dúvidas de que o T-800 terá vida longa, mesmo dependendo de botox.
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