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Chris Evans e Michelle Monaghan deixam rolar um romance

por Marcelo Seabra

Tem gente que começa a ver uma comédia romântica já com os dois pés atrás. É inevitável esperar mais do mesmo, com aquelas situações de desencontros de sempre. A repetição é tão grande que até as próprias comédias românticas apontam esses problemas, numa tentativa de serem mais descoladas que as demais e chegarem na frente. Deixa Rolar (Playing It Cool, 2014) é um exemplo recente, em cartaz atualmente, e comete os erros da maioria. Mesmo fazendo piadas com os clichês usuais, os repete, deixando o resultado no meio do caminho.

Várias obras vêm à mente durante uma sessão de Deixa Rolar. Pegando elementos aqui e ali, o texto de Chris Shafer e Paul Vicknair (de Before We Go, 2014) nos apresenta a um roteirista que topa escrever uma comédia romântica apenas para garantir o trabalho em um importante longa de ação que será produzido em breve. O problema é que ele, desde que abandonado pela mãe, se orgulha de nunca ter se apaixonado ou ter tido qualquer tipo de sentimento nessa área. Em meio ao branco que o acomete, aparece a mulher que vai virar esse jogo. Aí, entra o desencontro providencial: ela é comprometida.

O diretor estreante Justin Reardon usa umas boas ideias visuais e o fato de várias histórias citadas serem representadas movimenta as coisas um pouco. Mas o ponto forte do filme fica nas mãos de Chris Evans e Michelle Monaghan, o casal protagonista que demonstra muita química e simpatia, mesmo o sujeito sendo bem detestável. Evans, dando um tempo como Capitão América, sempre dá um jeito de encaixar um projeto menos trabalhoso que os da Marvel (e ainda encontrou tempo para fazer sua estreia na direção, com Before We Go). Monaghan, um dos destaques da primeira temporada de True Detective, não precisa se esforçar para ser a pretendente perfeita. Era de se esperar que uma mulher como ela já tivesse namorado (o almofadinha de Ioan Gruffudd, de Terremoto, 2015).

Uma das boas ideias do roteiro é o grupo de amigos do personagem principal, formado por colegas de profissão dele. Cada um tem uma característica marcante, ou melhor dizendo, é um estereótipo que vai dar palpite no improvável romance central. E cada história contada por eles, recriada pelo casal, dá uma ideia ou direção a Evans, que ainda é seguido de perto pela personificação de seu próprio coração, um detetive fumante no melhor estilo noir. Esse clube é formado por uns rostos facilmente reconhecíveis da TV ou do Cinema: Topher Grace, Aubrey Plaza, Martin Starr e Luke Wilson. E o elenco ainda traz Anthony Mackie (o Falcão da Marvel), Philip Baker Hall (de 50%, 2011) e Patrick Warburton (de Ted, 2012).

Alternando clichês e boas tiradas, Deixa Rolar consegue se salvar dos piores, mas fica longe dos melhores. Mediano é uma boa definição. A não ser que você seja um(a) ávido(a) devorador de comédias românticas. Mas, nesse caso, recomendo Harry e Sally (When Harry Met Sally…, 1989), ou Um Lugar Chamado Notting Hill (Notting Hill, 1999), Questão de Tempo (About Time, 2013) e vários outros trabalhos de Richard Curtis. Bons exemplos não faltam, só são raros.

Grace é o amigo e Hall é o avô do protagonista

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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